EUA x Trump: Por que a justiça derrubou (e depois voltou atrás) nas tarifas? Como isso afeta o comércio global?

No dia 29 de maio de 2025, a Justiça dos Estados Unidos determinou o restabelecimento temporário das tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente Donald Trump, que haviam sido suspensas por um Tribunal Federal um dia antes. A decisão reacendeu um debate complexo sobre os limites do poder presidencial, os impactos econômicos das tarifas e o futuro da política comercial americana.
O que aconteceu?
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O Tribunal Federal havia suspendido as tarifas de Trump em 28 de maio, considerando que ele excedeu sua autoridade ao usar uma lei de emergência para impor taxas a quase todos os países.
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No entanto, um tribunal de apelações em Washington D.C. decidiu, no dia seguinte, que as tarifas permaneceriam em vigor enquanto o recurso do governo Trump fosse analisado.
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O caso deveria avançar para a Suprema Corte, conforme sinalizado por Peter Navarro, assessor de Trump, que afirmou que a administração não recuaria, mesmo que derrotada no Judiciário.
Por que essa decisão foi importante?
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Conflito de poderes: O Tribunal de Comércio Internacional destacou que a Constituição dos EUA dá ao Congresso – e não ao presidente – o poder de regular o comércio exterior. A decisão questionou o uso de "emergências nacionais" para justificar medidas unilaterais.
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Impacto econômico: As tarifas afetavam importações globais, podendo gerar inflação, escassez de produtos e retaliações de outros países. Varejistas americanos já haviam alertado sobre esses riscos.
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Incerteza diplomática: O então secretário do Tesouro, Scott Bessent, enfrentava dificuldades para negociar acordos comerciais enquanto a legalidade das tarifas não fosse resolvida.
Os argumentos em disputa:
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Defesa de Trump: A Casa Branca alegava que as tarifas eram necessárias para proteger a economia americana e que o presidente tinha autoridade para agir em "emergências".
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Críticos: Processos movidos por uma associação de pequenos negócios e pelo governador Gavin Newsom argumentavam que as tarifas eram inconstitucionais e prejudicavam empresas e consumidores.
Próximos passos:
- Até 5 de junho daquele ano, os autores da ação original e procuradores-gerais deveriam apresentar suas posições. O governo Trump tinha até 9 de junho para se manifestar.
- A Suprema Corte era vista como o palco final do embate, com potencial para definir os limites do poder presidencial em políticas comerciais.
A batalha judicial sobre as tarifas de Trump refletiu um conflito mais amplo entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário dos EUA. Enquanto a administração Trump insistia na legalidade de suas medidas, tribunais e opositores viam um abuso de autoridade. O desfecho afetaria não só a economia americana, mas também as relações comerciais globais. Naquela época, o mundo aguardava para ver se o Congresso apoiaria as tarifas ou se a Suprema Corte as barraria definitivamente.