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domingo, 18 de maio de 2025 às 11:56 GMT+0

Mini influenciadores ou vítimas? "Não somos o cliente, somos o produto" - Alerta de Jonathan Haidt sobre o impacto da infância digital

Jonathan Haidt, psicólogo social e autor do best-seller A Geração Ansiosa, tem se destacado como uma das vozes mais críticas ao impacto das redes sociais na saúde mental de crianças e adolescentes. Em entrevista à CNN, ele alerta para os perigos da "infância digital desprotegida", um fenômeno agravado pela exposição precoce a plataformas como TikTok, Instagram e YouTube. Haidt não apenas questiona o uso dessas ferramentas, mas revela uma lógica perturbadora:

"Não somos os clientes das redes sociais; somos o produto vendido aos anunciantes".

A exploração das crianças na economia da atenção

  • Haidt critica duramente o fenômeno dos "mini influenciadores" — crianças transformadas em marcas pessoais, com milhões de seguidores. O problema vai além da exposição:

  • Crianças como mercadoria: Quando pais incentivam seus filhos a se tornarem influenciadores, estão, na prática, vendendo a atenção deles a anunciantes.

  • Impacto psicológico: Essa dinâmica comercializa a infância, expondo crianças a pressões inadequadas para sua idade, como a busca por validação virtual e a perda de privacidade.

  • Falha ética: Haidt defende que essa prática deveria ser ilegal, comparando-a a formas de exploração infantil.

O preço invisível: A crise da concentração

Além da exposição, Haidt destaca um dano ainda mais grave: a erosão da capacidade de foco.

  • Geração dispersa: Crianças hiperconectadas têm dificuldade para se concentrar por 30 minutos seguidos, o que prejudica aprendizados profundos e habilidades críticas.

  • Consequências econômicas: Uma geração com déficit de atenção pode ter produtividade reduzida, afetando não apenas indivíduos, mas toda a sociedade.

Soluções propostas: Regulação e mudança cultural

Haidt não se limita a criticar; ele oferece caminhos concretos, divididos em ações governamentais e sociais:

1. Medidas legais:

  • Proibir smartphones antes dos 14 anos.
  • Permitir redes sociais apenas após os 16 (como já ocorre na Austrália).

2. Mudanças coletivas:

  • Escolas livres de celulares (como a lei recente no Brasil).
  • Incentivo a brincadeiras ao ar livre e autonomia infantil.
  • Pacto social: Pais, educadores e comunidades precisam se unir para criar normas compartilhadas, independentemente de divisões políticas.

Um alerta global: Quem está educando nossas crianças?

Haidt encerra com uma reflexão urgente:

"Se as plataformas controlam o tempo e a atenção das crianças, elas estão moldando o futuro da sociedade".

Seu argumento ressoa em um momento em que países como Brasil, Austrália e EUA debatem regulações, mas ainda falham em proteger a infância de forma efetiva.

Reconstruindo a infância no século XXI

A análise de Haidt não é apenas sobre tecnologia; é sobre humanidade. Ele convida a sociedade a repensar prioridades:

  • Proteção coletiva: Crianças não são produtos, e sua atenção não deve ser monetizada.
  • Futuro sustentável: Sem concentração, autonomia e experiências reais, as próximas gerações enfrentarão desafios ainda maiores.

A mudança exige leis, mas também consciência — pois, como ele lembra:

"Todos os pais do mundo, independentemente de política, enfrentam o mesmo inimigo".

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