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sábado, 20 de setembro de 2025 às 10:55 GMT+0

O que é "cobogó"? Uma invenção brasileira de 100 anos que pode ser uma poderosa aliada em um planeta cada vez mais quente.

Mais do que um simples elemento estético, o cobogó é uma invenção brasileira que se tornou um aliado inteligente e sustentável contra o calor. Com quase um século de existência, essa solução arquitetônica continua atual, oferecendo ventilação, controle de luz e conforto térmico.

A origem e a história por trás do cobogó

A história do cobogó tem um ponto de partida claro e documentado:

  • A primeira aplicação notável: Um reservatório de água em Olinda, Pernambuco, construído em 1930. Projetado pelo arquiteto Luiz Nunes, o edifício usava o cobogó para proteger a água do sol e permitir a circulação de vento, mantendo-a fresca.
  • A invenção: O nome cobogó é um acrônimo. Ele foi criado em 1929 no Recife pelos engenheiros Coimbra, Boeckmann e Gois. A intenção original era criar um bloco de cimento pré-fabricado mais prático e barato que os tijolos comuns, que pudesse ser usado tanto vazado quanto maciço.
  • A popularização do nome: Embora o termo tecnicamente se referisse apenas à peça original da patente, sua popularidade foi tão grande que hoje qualquer elemento vazado de concreto, cerâmica ou outros materiais é chamado de cobogó.

Por que o cobogó é tão importante?

O cobogó não é apenas bonito, mas também extremamente funcional. Ele oferece diversas vantagens, especialmente para o clima brasileiro:

  • Conforto térmico e ventilação natural: Conhecido como "climatização passiva", o cobogó permite que o vento circule, evitando o superaquecimento de ambientes internos e reduzindo drasticamente a necessidade de ar-condicionado.
  • Controle de iluminação: Ele cria uma barreira contra o sol direto, mas permite a passagem de luz natural. Isso economiza energia, pois a necessidade de iluminação artificial é menor.
  • Privacidade sem isolamento: O design vazado permite que a luz e o vento entrem, enquanto oferece uma sensação de privacidade. Quem está dentro consegue ver o exterior com mais clareza do que quem está do lado de fora.
  • Valor estético e cultural: O cobogó foi adotado e elevado a ícone pelo movimento modernista brasileiro. Arquitetos como Oscar Niemeyer o usaram em grandes projetos, tornando-o um símbolo da nossa arquitetura.
  • Acessibilidade: Por ser um material de baixo custo e fácil produção, o cobogó se espalhou rapidamente pelo Brasil, marcando presença em muros, varandas e quintais, especialmente no Nordeste.

O futuro do cobogó em um planeta mais quente

No cenário de crise climática, o cobogó está sendo redescoberto como uma solução para o futuro, oferecendo uma alternativa aos prédios de vidro que funcionam como "estufas".

  • Relevância em pesquisas: Universidades como a UFRJ estão estudando o uso do cobogó para melhorar o conforto térmico, inclusive em habitações de interesse social e comunidades.
  • Inovação e sustentabilidade: Em eventos como a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, o cobogó tem sido reinventado com materiais sustentáveis, como resíduos de construção civil, mostrando seu potencial de evolução.
  • Desafios para a readoção: Apesar de todas as vantagens, a arquitetura contemporânea brasileira priorizou edifícios mais fechados, o que dificulta a reformulação em larga escala das construções existentes.

O cobogó é mais do que uma lembrança da casa da avó; é um símbolo da arquitetura brasileira que soube responder de forma criativa e eficiente aos desafios do clima. Seus princípios de ventilação natural, proteção solar e iluminação indireta oferecem lições valiosas para construirmos cidades mais frescas, sustentáveis e confortáveis no futuro.

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