Conteúdo verificado
terça-feira, 20 de maio de 2025 às 12:51 GMT+0

Big Techs e as armas do século 21: Manifestantes e ex-funcionários da Microsoft acusam IA e Nuvem de alimentar conflito em Gaza

No primeiro dia da conferência anual Microsoft Build, em Seattle, manifestantes pró-Palestina protestaram contra o envolvimento de grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Google e Amazon, com o governo de Israel. Os ativistas alegam que serviços de IA e nuvem estão sendo usados como "armas" em conflitos, especialmente na Faixa de Gaza. O TecMundo conversou com um dos organizadores do protesto, Hossam Nasr, ex-funcionário da Microsoft, que detalhou as motivações do movimento.

Cenário do protesto

  • Os manifestantes se reuniram em frente ao centro de convenções de Seattle, onde ocorria o evento da Microsoft. Cartazes e gritos de ordem criticavam a colaboração das big techs com Israel, associando-a a supostos crimes contra palestinos. A polícia foi acionada após tentativas de invasão ao local, resultando em pelo menos uma detenção.

Interrupções durante o evento

  • Um engenheiro de firmware, Joe Lopez, interrompeu a fala do CEO Satya Nadella para protestar contra os contratos de IA e nuvem da Microsoft com o governo israelense. Esse não foi um caso isolado: em abril, uma funcionária havia interrompido o CEO de IA da empresa, Mustafa Suleyman, durante os 50 anos da companhia.

A voz dos manifestantes

  • Hossam Nasr, ex-engenheiro da Microsoft e membro do grupo "No Azure for Apartheid", explicou ao TecMundo que o movimento busca pressionar a empresa a cortar laços com Israel. Ele foi demitido em 2024 após organizar uma vigília em memória das vítimas palestinas no campus da Microsoft — ação que, segundo ele, seguia as políticas internas da empresa. Nasr afirmou:

  • Tecnologia como arma: "IA e nuvem são as armas do século 21". Para o grupo, essas ferramentas são tão letais quanto armas convencionais quando usadas em conflitos.

  • Responsabilidade ética: "Recusamos que nosso trabalho alimente o genocídio do nosso povo". O movimento critica o silêncio das empresas perante relatos de uso militar de suas tecnologias.

A resposta da Microsoft

A empresa negou veementemente as acusações. Em nota enviada ao TecMundo, afirmou que conduziu revisões internas e independentes sobre o uso de suas tecnologias em Gaza e não encontrou evidências de que tenham sido usadas para "atingir ou causar danos a pessoas". A Microsoft reiterou seu compromisso com a ética, mas não comentou os casos específicos de demissões ou protestos.

Pontos importantes:

Os protestos destacam um debate crescente sobre o papel da tecnologia em conflitos globais e a responsabilidade social das big techs. Pontos-chave a considerar:

  • Impacto da tecnologia: A IA e a nuvem têm potencial para transformar não apenas a economia, mas também a geopolítica, sendo instrumentalizadas em guerras modernas.
  • Ativismo dentro das empresas: Funcionários de grandes corporações estão cada vez mais vocalizando preocupações éticas, pressionando por transparência e mudanças.
  • Liberdade de expressão vs. Políticas corporativas: Casos como o de Nasr levantam questões sobre os limites da manifestação dentro de ambientes corporativos.

O conflito entre ativistas e a Microsoft reflete um dilema maior do século 21: como equilibrar inovação tecnológica com direitos humanos. Enquanto manifestantes exigem accountability, as empresas defendem sua neutralidade. A discussão, longe de acabar, deve se intensificar à medida que a IA e a nuvem se tornam ainda mais centrais na sociedade.

Estão lendo agora

Ar-condicionado caseiro e dicas científicas para enfrentar o calor no BrasilNos últimos meses, ondas de calor assolaram o Brasil, levando os brasileiros a usar sua criatividade para se refrescar. ...
Descubra os 6 biotipos da depressão: Novo estudo revela tratamentos personalizados para melhorar a qualidade de vidaUm novo artigo publicado na revista Nature revela insights sobre a ação da depressão no cérebro e possíveis tratamentos ...
Ciberataque sem precedentes: 10 Bilhões de senhas expostas em histórico vazamentoNo dia 4 de julho de 2024, foi divulgado na internet um pacote contendo aproximadamente 10 bilhões de senhas roubadas de...
Sarah Menezes: Da medalha de ouro em Londres 2012 às expectativas para o Judô brasileiro em Paris 2024Sarah Menezes, campeã olímpica de judô em Londres 2012, agora atua como treinadora da seleção feminina brasileira de jud...
Índice IGP-M registra queda inesperada de 0,14% em agosto, revela análise da FGVO Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), reconhecido por medir a inflação relacionada a aluguéis, apresentou uma inespe...
O mistério da Superlua Azul: Explore a fascinante raridade celestialA Lua, conhecida por sua beleza e romantismo, também é um objeto de estudo científico há milênios. Civilizações antigas ...
“Gladiador 2” chega às plataformas digitais: A continuação do clássico de 2000 - Veja como assistirApós um grande retorno aos cinemas em 2024, a tão esperada sequência do aclamado "Gladiador" de 2000 chega agora às plat...
Filantrocapitalismo: Como o dinheiro das Big Techs está moldando (e controlando) o futuro do jornalismoO artigo publicado por Mathias-Felipe de-Lima-Santos aborda o crescente impacto das grandes empresas de tecnologia, como...
Nitazeno: A nova ameaça global mais potente que Heroína e Fentanil - Alerta da ONUO nitazeno é um grupo de opioides sintéticos que estão se espalhando rapidamente pela Europa e América do Norte. Mais po...
Réveillon no Brasil: A fascinante origem africana das tradições de Ano NovoO Réveillon, celebrado mundialmente como a passagem para um novo ano, carrega influências de diversas culturas. No Brasi...
Traumatismo craniano: Verdades e mitos perigosos que você precisa conhecerO traumatismo craniano é uma condição que exige atenção, especialmente após impactos fortes na cabeça. Contudo, há muito...