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segunda-feira, 21 de abril de 2025 às 11:35 GMT+0

Brasil-China: Comércio em ascensão ignora tensão EUA-China e impulsiona recordes - Agronegócio, Brics e nova rota marítima

A intensificação das relações comerciais entre Brasil e China tem ganhado destaque internacional diante da crescente tensão entre Estados Unidos e China. Com a elevação das tarifas impostas por Donald Trump contra produtos chineses, o Brasil vê uma oportunidade estratégica de se posicionar como parceiro confiável e ampliar sua presença no mercado chinês. Esse movimento não é recente, mas foi acelerado pelas mudanças no cenário geopolítico e econômico global.

Corrente de comércio recorde entre Brasil e China

  • Entre janeiro e março de 2025, a corrente de comércio entre os dois países ultrapassou US$ 38,8 bilhões, um recorde para o período. As exportações brasileiras chegaram a US$ 19,8 bilhões, enquanto as importações da China somaram US$ 19 bilhões. Destaque especial vai para o setor naval: as importações brasileiras de plataformas, embarcações e estruturas flutuantes saltaram de US$ 4 milhões em 2024 para impressionantes US$ 2,7 bilhões em 2025. O Brasil não realizava esse tipo de compra desde 2020, segundo dados do Comex Stat, demonstrando uma reativação relevante da relação comercial nessa área.

Tensão EUA-China abre portas para o agronegócio brasileiro

  • A guerra comercial entre EUA e China não se limita ao setor industrial. No agronegócio, o Brasil se posiciona para aproveitar brechas deixadas pelos impasses entre as duas potências. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reconheceu publicamente que as tensões estão acelerando negociações com Pequim. Um dos focos centrais do Brasil é a redução da burocracia chinesa para a importação de sementes geneticamente modificadas e alimentos com edição gênica. O Ministério da Agricultura do Brasil já se prepara para uma reunião com o GACC (departamento alfandegário chinês) no dia 22 de abril, com esse objetivo.

Diplomacia ativa e visita presidencial à China

  • Em um esforço coordenado para fortalecer as relações bilaterais, o governo brasileiro está enviando uma comitiva de alto escalão à China. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim está prevista para maio. Antes disso, os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) já estão articulando os detalhes e preparando novos acordos. Essa diplomacia ativa busca não apenas consolidar laços comerciais, mas também ampliar a presença brasileira em setores estratégicos como energia, infraestrutura e tecnologia.

Nova rota marítima direta Brasil-China

  • A inauguração de uma rota marítima direta entre a China e o Brasil é um marco logístico importante. A nova ligação entre o Porto de Gaolan, na cidade chinesa de Zhuhai, e os portos brasileiros de Santana (Amapá) e Salvador (Bahia), reforça o papel do Brasil como ponto de entrada e saída de produtos agrícolas e minerais. Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, essa rota atende diretamente zonas de produção consideradas estratégicas, o que pode reduzir custos e tempo de transporte, fortalecendo a competitividade do Brasil no comércio internacional.

Brics e o desafio à hegemonia do dólar

  • Durante reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics, realizada em Brasília, os países do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) apoiaram formalmente a proposta russa de criar uma “Bolsa de Grãos do Brics”. A ideia é facilitar o comércio agrícola entre os membros do bloco e diminuir a dependência do dólar nas transações. A proposta surge como alternativa às tradicionais bolsas americanas CBOT e KCBT. Além disso, foi assinada uma declaração conjunta que prevê maior cooperação em pesquisa e desenvolvimento para a inovação no setor agrícola, com foco na fabricação de maquinários adaptados às realidades de cada país.

A aproximação entre Brasil e China é um reflexo direto da reconfiguração geopolítica global. O protecionismo norte-americano tem empurrado parceiros comerciais tradicionais a buscarem novos caminhos, e o Brasil tem aproveitado esse cenário com estratégia e diplomacia ativa. A intensificação de laços comerciais, a inauguração de novas rotas logísticas, o avanço em pautas tecnológicas no agronegócio e o fortalecimento dos Brics são indicativos de que o país está buscando protagonismo em um novo cenário internacional. Se bem conduzido, esse reposicionamento pode garantir ao Brasil ganhos comerciais, tecnológicos e estratégicos de longo prazo.

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