Ibovespa rompe 148 mil e desafia a cautela do Powell: Por que o Brasil ignorou o FED e apostou em Trump & Xi Jinping
 
 O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, atingiu um novo recorde histórico nesta quarta-feira (29), ao ultrapassar os 148 mil pontos pela primeira vez, impulsionado por decisões econômicas dos Estados Unidos e expectativas de acordos internacionais. O resultado reflete o otimismo dos investidores com o cenário global e o fortalecimento do Brasil como destino de capital estrangeiro.
O que motivou o recorde da Bolsa
- O marco foi alcançado após o Federal Reserve (Fed) o Banco Central dos Estados Unidos reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, ajustando a taxa básica americana para o intervalo entre 3,75% e 4% ao ano.
- Essa foi a segunda redução consecutiva do Fed, algo amplamente esperado pelos analistas financeiros e interpretado como um sinal de que a economia americana precisa de estímulos para sustentar o crescimento em meio a incertezas fiscais.
- O corte anterior havia ocorrido em setembro, marcando a primeira queda desde dezembro do ano passado. Agora, com o novo ajuste, o cenário favorece economias emergentes como o Brasil, onde a taxa Selic segue em 15% ao ano e deve ser mantida por um período prolongado, segundo o Banco Central. Essa diferença elevada entre os juros dos dois países aumenta a rentabilidade relativa do Brasil, tornando-o mais atrativo ao capital estrangeiro.
O comportamento dos mercados
- Ibovespa: encerrou o dia com alta de 0,82%, aos 148.632,93 pontos, chegando a superar os 149 mil pontos durante o pregão.
- Dólar: fechou em leve queda de 0,04%, cotado a R$ 5,3581, refletindo a entrada de recursos externos e o maior apetite por risco dos investidores.
Segundo analistas do mercado, a valorização das ações brasileiras decorre da combinação entre expectativas positivas para a política monetária global e a percepção de que o Brasil mantém fundamentos sólidos, como juros altos, estabilidade cambial e empresas com bons resultados corporativos.
Contexto internacional e relevância geopolítica
- Além da decisão do Fed, investidores também observam com atenção o encontro entre o presidente americano Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, marcado para ocorrer na Coreia do Sul.
- Há expectativa de que as duas potências possam avançar em um novo acordo comercial, o que reduziria as tensões nos mercados e traria previsibilidade para as cadeias globais de produção e exportação.
- A reunião acontece em um momento de “apagão de dados” nos Estados Unidos, causado pelo shutdown do governo, que suspendeu publicações econômicas essenciais como o payroll, indicador do mercado de trabalho americano. Essa ausência de dados limita a capacidade do Fed de avaliar com precisão o ritmo da economia, aumentando a incerteza sobre os próximos passos da política monetária americana.
- O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que um novo corte em dezembro não está garantido, destacando divergências internas entre os diretores do banco central. Isso sinaliza cautela no ajuste dos juros, evitando estímulos excessivos que possam reaquecer demais a economia.
Importância para o Brasil e para o investidor
O desempenho da Bolsa brasileira reflete três fatores principais de relevância:
1. Diferença de juros: O alto rendimento da Selic comparado aos juros americanos torna o país atraente para investidores estrangeiros.
2. Expectativas globais positivas: A possibilidade de trégua comercial entre Estados Unidos e China reduz o risco global e favorece mercados emergentes.
3. Confiança interna: O avanço no crédito, estabilidade do câmbio e crescimento de setores estratégicos reforçam a confiança no ambiente econômico nacional.
Esses elementos combinados ajudam a explicar por que o Brasil tem se destacado entre os emergentes neste momento, com a Bolsa batendo recordes sucessivos e o dólar mantendo trajetória de queda moderada.
Um equilíbrio entre euforia e cautela
- A sequência de recordes da Bolsa brasileira, agora acima dos 148 mil pontos, reflete um momento de otimismo do mercado diante da política monetária global mais branda e da força relativa da economia nacional.
- Enquanto o Fed busca equilibrar a desaceleração americana com cortes graduais de juros, o Brasil se beneficia do fluxo de capital externo e do diferencial atrativo da Selic.
- A expectativa pelo resultado do encontro entre Donald Trump e Xi Jinping adiciona um componente geopolítico relevante, capaz de influenciar diretamente os próximos movimentos das bolsas mundiais.
Em resumo, o cenário atual revela um Brasil fortalecido no radar internacional, colhendo os frutos de uma conjuntura global que, por ora, favorece os países com fundamentos sólidos e estabilidade financeira.
