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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025 às 10:49 GMT+0

O dilema da pobreza no Brasil: Redução histórica da miséria vicia em benefícios? IBGE alerta sobre dependência social

O Brasil registrou uma notável redução na extrema pobreza entre 2023 e 2024, mas análises detalhadas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para uma forte dependência de programas sociais e a persistência de profundas desigualdades.

Retrato da redução da pobreza

Os dados do IBGE mostram uma melhoria significativa no cenário nacional:

  • Extrema pobreza em queda: O índice de pessoas em situação de extrema pobreza diminuiu 0,9 ponto percentual, caindo de 4,4% para 3,5% da população.
  • Milhões fora da linha: Essa redução representa a saída de, aproximadamente, 1,9 milhão de pessoas da linha da extrema pobreza.
  • Fatores contribuintes: O avanço é atribuído à expansão dos programas de transferência de renda e ao aquecimento do mercado de trabalho.

O papel decisivo dos programas sociais

A análise do IBGE destaca que, sem a intervenção dos benefícios sociais, o cenário de pobreza seria muito mais severo, evidenciando a importância crucial desses programas:

  • Impacto da exclusão de benefícios: Se os programas sociais fossem desconsiderados, o índice de pobreza saltaria para cerca de 40% da população, conforme o analista socioeconômico Jefferson Mariano.
  • Alta dependência: Esse contraste reforça a dependência da sociedade brasileira em relação à transferência de renda para mitigar a pobreza em larga escala.
  • Concentração de renda: O Brasil continua apresentando um dos maiores índices de concentração de renda entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma situação agravada quando se excluem os programas sociais da conta.

Desigualdades que persistem

Apesar da melhoria geral nos índices, as desigualdades estruturais baseadas em raça e gênero permanecem como um desafio central:

  • Pobreza tem cor: A maioria das pessoas nas faixas de pobreza e extrema pobreza é composta por indivíduos pretos e pardos, em contraste com uma proporção significativamente menor de pessoas brancas.
  • Mulheres pretas na base: As mulheres pretas, em particular, continuam a ocupar a posição mais vulnerável na pirâmide socioeconômica.
  • Desigualdade racial evidente: Mesmo dentro do grupo de pessoas mais pobres, o analista destaca que ainda se observa uma desigualdade profundamente ligada à questão racial.

Perspectivas para o futuro

Apesar dos desafios na desigualdade e dependência de benefícios, o momento atual é o mais positivo em termos de redução da pobreza desde 2012:

  • Melhor momento da coleta de dados: Os dados atuais representam o melhor momento do histórico (ou sequência) iniciada em 2012, com uma significativa recuperação após a crise desencadeada pela pandemia em 2020.
  • Continuidade esperada: A manutenção do mercado de trabalho aquecido em conjunto com a eficácia dos programas de transferência de renda cria a expectativa de futuras reduções nos índices de pobreza.

O combate à extrema pobreza provou ser eficaz, mas a forte dependência de programas sociais é um alerta: benefícios são o ponto de partida inegociável para a dignidade, não o destino final. A verdadeira vitória de longo prazo reside na transcendência do assistencialismo. É crucial que a transferência de renda, como o Bolsa Família, seja urgentemente acompanhada por políticas de emancipação econômica, investindo em educação e qualificação produtiva, para que, gradualmente, milhões de brasileiros possam construir sua autonomia e conquistar uma independência permanente dos programas sociais.

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