Análise resumida: Brasil-EUA e o papel do Brics - Por que a estratégia de Lula pode não funcionar

Brasil e Estados Unidos enfrentam uma grave crise diplomática e comercial no ano de 2025, motivada por uma série de tarifas elevadas impostas pelos EUA ao Brasil, um verdadeiro “tarifaço” que chega a até 50 % sobre produtos brasileiros
Início da crise:
Brasil foi alvo de uma escalada tarifária iniciada em abril de 2025 com 10 % e que foi intensificada para 50 % em julho, sob justificativa de questões políticas envolvendo o tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além de reaproximações bilaterais com aliados norte-americanos
Reação de Lula:
- Brasil rejeitou negociar diretamente com Donald Trump, considerando o diálogo atual uma humilhação. Lula afirma que só entrará em contato caso perceba abertura real.
- Brasil também não respondeu com tarifas recíprocas imediatas, mas investe em diplomacia ministerial, medidas de apoio ao setor exportador e garantias de responsabilidade fiscal.
Estratégias internacionais:
- Brasil busca apoio coletivo no grupo BRICS com ligações previstas ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e ao presidente da China, Xi Jinping visando articular uma resposta conjunta às medidas americanas
- Também foi iniciado um procedimento formal de consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde o Brasil contou com apoio de cerca de 40 países, incluindo Índia, União Europeia e Canadá
Apelo à soberania e respeito:
- Lula reforça o princípio da soberania brasileira e exige respeito nas negociações, chamando a postura de Trump de “autoritária” e “anticivilizatória”, enquanto repudia tentativas de interferência política, especialmente relacionadas ao Supremo Tribunal e ao julgamento de Bolsonaro
Vida política e ações domésticas:
- Para amortecer os impactos, o governo anunciou suporte a empresas afetadas, considerou impor impostos recíprocos mas prefere evitar escalada e pretende desenvolver políticas de controle sobre recursos estratégicos como minerais
- A estratégia de Lula de usar o Brics como uma força de resposta ao tarifaço de Trump é uma tentativa de se posicionar de forma mais forte no cenário global. No entanto, essa estratégia enfrenta sérias limitações. O grupo do Brics, devido à sua diversidade de interesses e à falta de coesão, pode não ser a solução ideal.
A real força do Brasil para lidar com a crise pode estar na definição de sua própria estratégia, em uma abordagem multilateral, como a OMC, e na busca por novas parcerias comerciais. A aposta no Brics é um elemento importante, mas não pode ser a única resposta para uma crise que exige uma abordagem mais complexa e multifacetada. A crise atual, portanto, serve como um lembrete da importância de uma política externa e interna robustas e bem alinhadas.