Divulgar foto de vítima de crime pode virar crime? "Sensacionalismo criminal" na mira: Lei pretende banir imagens de vítimas na internet e TV

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que visa coibir a divulgação de imagens de vítimas de crimes ou acidentes, tanto por pessoas físicas quanto por veículos de comunicação, incluindo a internet. A proposta, relatada pelo deputado Diego Coronel (PSD-BA), tem como principal objetivo combater o que ele chama de "sensacionalismo criminoso", prática que explora a dor alheia sem contribuir para a resolução dos casos.
Principais pontos do projeto
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Proibição da divulgação: Fica vedada a veiculação de imagens que identifiquem ou exponham vítimas de crimes ou acidentes, a menos que haja consentimento da vítima ou de seu responsável legal. A única exceção é quando a divulgação atende ao interesse público, como em reportagens jornalísticas que contribuam para a informação da sociedade.
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Penas previstas: Quem descumprir a regra poderá enfrentar um a três anos de prisão, aplicável tanto a indivíduos quanto a empresas de comunicação.
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Proteção da dignidade: O relator argumenta que a exposição desnecessária de vítimas, vivas ou mortas, agrava seu sofrimento e viola seus direitos à privacidade e dignidade.
Relevância e impactos
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Proteção às vítimas: A medida busca evitar a revitimização, ou seja, a exposição repetida de pessoas já fragilizadas por situações traumáticas.
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Combate ao sensacionalismo: A proposta critica a exploração midiática de tragédias, que muitas vezes prioriza o impacto emocional em detrimento da ética e responsabilidade social.
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Alinhamento com direitos humanos: A iniciativa reflete princípios internacionais, como os defendidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que destacam a importância de preservar a honra e intimidade de indivíduos em situações de vulnerabilidade.
Próximos passos
- O projeto seguirá para votação no plenário da Câmara. Se aprovado, ainda precisará passar pelo Senado Federal antes de ser sancionado e virar lei. O processo envolve discussões sobre o equilíbrio entre liberdade de imprensa e proteção individual, tema que frequentemente gera debates no meio jurídico e midiático.
A proposta representa um avanço na proteção dos direitos das vítimas, ao mesmo tempo que desafia a mídia a repensar práticas sensacionalistas. Se aprovada, a lei poderá estabelecer um novo paradigma no tratamento de informações envolvendo crimes e acidentes, priorizando o respeito à dignidade humana sem descuidar do interesse público. No entanto, seu sucesso dependerá da fiscalização e do compromisso coletivo em equilibrar transparência e empatia.