Guerra na Venezuela? Lula alerta para "catástrofe humanitária" após cerco naval de Trump: EUA-Venezuela na fronteira em Roraima.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou seu discurso na Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, para enviar um alerta contundente à comunidade internacional. Segundo o presidente, uma eventual ação armada dos Estados Unidos em território venezuelano não apenas desestabilizaria a região, mas criaria um precedente perigoso para a governança global.
O contexto da crise em Dezembro de 2025
A tensão entre Washington e Caracas atingiu níveis críticos após o anúncio de um bloqueio naval total por parte do presidente Donald Trump. Os pontos principais da escalada incluem:
- Bloqueio naval: Trump ordenou o cerco à Venezuela com a maior frota militar já reunida na região, visando impedir a exportação de petróleo e sufocar financeiramente o governo de Nicolás Maduro.
- Operações no Caribe: A presença do porta-aviões USS Gerald R. Ford e de submarinos nucleares a poucos quilômetros da costa venezuelana mantém o continente em estado de alerta máximo.
- Ataques recentes: Desde setembro, incursões aéreas dos EUA contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas resultaram em cerca de 80 mortes, elevando o tom do conflito direto.
Os riscos apontados pelo governo brasileiro
A diplomacia brasileira e o presidente Lula identificam três perigos imediatos caso a pressão militar evolua para uma invasão:
- Vácuo de poder: O temor é que a queda repentina de Maduro repita os cenários do Iraque (2006) e da Líbia (2011), mergulhando o país em uma guerra civil prolongada sem lideranças claras para a transição.
- Crise de refugiados: Uma ofensiva militar provocaria uma fuga em massa. O Brasil, que já acolheu mais de 125 mil venezuelanos pela Operação Acolhida, teme não ter estrutura para um fluxo migratório descontrolado em Roraima.
- Soberania regional: Lula comparou a atual presença de potências extrarregionais à Guerra das Malvinas, defendendo que os limites do direito internacional estão sendo testados de forma perigosa.
A estratégia diplomática de Lula
Diferente de rupturas anteriores, o governo brasileiro tenta se posicionar como um canal de diálogo estratégico:
- Diálogo com Trump: Lula conversou diretamente com o presidente americano, argumentando que "o poder da palavra vale mais que o da arma" e oferecendo o Brasil como facilitador de uma saída diplomática.
- Contato com Maduro: Pela primeira vez desde 2024, Lula falou por telefone com Nicolás Maduro. Embora o Brasil ainda não tenha reconhecido oficialmente o resultado das últimas eleições venezuelanas, o canal de comunicação foi restabelecido para evitar o pior cenário.
- Neutralidade estratégica: O Itamaraty esclareceu que, até o momento, não houve oferta de asilo político a Maduro, focando apenas na "desescalada" das tensões.
Apelo da ONU por contenção
- A gravidade do momento levou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a intervir diretamente. Em conversa com o governo venezuelano, Guterres reforçou o pedido de Lula por uma redução imediata das hostilidades para preservar a estabilidade de toda a América do Sul.
O destino da Venezuela agora equilibra-se entre a diplomacia brasileira e o poder de fogo norte-americano. O alerta de Lula é claro: qualquer solução que ignore o diálogo não apenas derrubará um governo, mas poderá incendiar a estabilidade de todo o continente, transformando a fronteira sul em um epicentro de crise humanitária sem precedentes no século 21.
