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segunda-feira, 7 de abril de 2025 às 09:56 GMT+0

Polarização afetiva na política: Identidade vs. Razão - A guerra invisível do "não importa o que é dito, importa quem diz"

O cenário político mundial está passando por uma transformação profunda, marcada pelo predomínio das emoções e identidades sobre a racionalidade e a ideologia. Essa é a análise do cientista político Heni Ozi Cukier, conhecido como "professor HOC", em entrevista ao programa WW Especial, apresentado por William Waack. Segundo ele, vivemos uma era de "polarização afetiva", onde o que importa não é o conteúdo das mensagens, mas quem as pronuncia. Esse fenômeno redefine as dinâmicas de poder, influência e debate público em escala global.

O que é polarização afetiva?

A polarização afetiva descreve um contexto em que as pessoas se alinham politicamente com base em identidades grupais e conexões emocionais, e não em ideologias ou análises racionais. Como explica Cukier: "Não importa o que é dito, importa quem diz". Isso significa que declarações idênticas podem ser recebidas de forma oposta dependendo do emissor, como visto nos casos dos presidentes Lula e Donald Trump, que atribuíram culpa ao líder ucraniano Volodymyr Zelensky pela guerra – cada um recebendo reações distintas de seus apoiadores.

  • Redução do debate racional: Discussões políticas perdem profundidade, privilegiando lealdades tribais.
  • Fortalecimento de extremos: Grupos se fecham em torno de figuras carismáticas, dificultando o consenso.

O impacto global do fenômeno

Embora a polarização afetiva seja um fenômeno mundial, seus efeitos são mais evidentes nos Estados Unidos devido à sua influência econômica, militar e cultural. A eleição de Donald Trump em 2016 e seu movimento MAGA ("Make America Great Again") exemplificam como marcas pessoais podem se tornar plataformas políticas. Trump, originalmente um empresário, soube transformar sua imagem em um símbolo de identidade coletiva para seus seguidores.

  • Potencialização de crises: Decisões políticas passam a depender mais de emoções do que de estratégias, aumentando riscos de conflitos.
  • Influência em outras democracias: Líderes populistas em diversos países adotam táticas similares, ampliando a fragmentação política.

As consequências para a democracia

Cukier alerta que a polarização afetiva desafia os pilares tradicionais da democracia, como o debate baseado em fatos e propostas. Quando a identidade substitui a ideologia, o diálogo se torna quase impossível, pois críticas a um líder são interpretadas como ataques a um grupo inteiro.

Exemplo prático:
Nas redes sociais, algoritmos reforçam bolhas ideológicas, alimentando a desconfiança entre grupos opostos.

  • Erosão da cooperação internacional: Acordos entre países ficam mais difíceis quando governos priorizam narrativas emocionais.
  • Risco de autoritarismo: Líderes podem explorar lealdades afetivas para concentrar poder, como visto em regimes populistas.

A polarização afetiva não é um problema isolado, mas um sintoma de mudanças profundas na forma como enxergamos a política. Se, por um lado, ela fortalece a participação de grupos marginalizados, por outro, ameaça a coesão social e a governabilidade. Como sugere Cukier, entender esse fenômeno é o primeiro passo para mitigar seus efeitos – seja através da educação midiática, do fortalecimento de instituições ou da promoção de diálogos transversais. Em um mundo cada vez mais dividido, recuperar a capacidade de ouvir o outro, mesmo na discordância, pode ser o antídoto para a fragmentação que define nosso tempo.

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