STF isola 10 condenados após fuga cinematográfica de Silvinei Vasques - Passaportes retidos e redes sociais bloqueadas
No último sábado, 27 de dezembro de 2025, o cenário jurídico e político brasileiro registrou um novo capítulo decisivo. Sob determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir mandados de prisão domiciliar contra dez indivíduos já condenados pela Primeira Turma da Corte.
A ação ocorre em um momento de alerta para as autoridades brasileiras, sendo fundamentada no risco de evasão do país por parte dos sentenciados. Com o apoio do Exército Brasileiro, as equipes policiais realizaram as diligências em diversos estados, reforçando a vigilância sobre figuras centrais que participaram da articulação contra o Estado Democrático de Direito.
O fator Silvinei Vasques e o risco de fuga
- A decisão de Moraes foi acelerada por eventos recentes que expuseram a fragilidade do monitoramento de alguns condenados. Na sexta-feira, 26 de dezembro, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi detido no Paraguai ao tentar embarcar para El Salvador. Vasques utilizava um passaporte falso e alegava motivos de saúde para justificar sua saída ilegal do território nacional.
- Este episódio serviu de alerta para o STF. Na fundamentação da nova ordem, o ministro ressaltou que o grupo possui um método de atuação que sugere o planejamento de fugas coordenadas para o exterior, frequentemente contando com o auxílio de terceiros e o uso de documentos fraudulentos.
Restrições severas e monitoramento eletrônico
Os dez alvos da operação deste sábado passam agora a cumprir suas penas sob regime de prisão domiciliar rigorosa. Além do uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, a Justiça impôs uma série de medidas cautelares para impedir a continuidade de articulações:
- Bloqueio digital: Proibição total do uso de redes sociais.
- Isolamento de grupo: Proibição de qualquer contato com outros investigados ou condenados no mesmo processo.
- Retenção de documentos: Entrega imediata de passaportes e suspensão de certificados de porte de arma.
- Controle de circulação: Proibição de receber visitas sem autorização judicial prévia.
Quem são os condenados sob nova vigilância
A lista dos indivíduos afetados pela decisão inclui militares de alta patente, ex-assessores e servidores públicos, cujas penas variam de 8 a 21 anos de reclusão. Entre os nomes de maior destaque na operação estão:
1. Filipe Martins: Ex-assessor especial da Presidência, apontado como o responsável por entregar a minuta do decreto golpista. Condenado a 21 anos.
2. Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros: Tenente-coronel identificado como peça-chave no núcleo de desinformação contra o sistema eleitoral. Pena de 17 anos.
3. Bernardo Romão Corrêa Netto: Coronel condenado a 17 anos por incitar movimentos golpistas dentro das Forças Armadas.
4. Marília Alencar: Delegada da Polícia Federal e ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça, condenada a 8 anos e 6 meses por fornecer dados estratégicos para interferir no fluxo de eleitores em 2022.
5. Fabrício Moreira de Bastos: Coronel envolvido na busca por apoio da cúpula militar ao movimento. Recebeu pena de 16 anos.
6. Guilherme Marques Almeida: Tenente-coronel e ex-comandante de operações psicológicas, com pena de 13 anos e 6 meses.
7. Giancarlo Gomes Rodrigues: Subtenente acusado de realizar monitoramento clandestino de opositores políticos. Condenado a 14 anos.
8.Ângelo Martins Denicoli: Major da reserva, condenado por disseminar notícias falsas sobre as urnas e atacar instituições. Pena: 17 anos.
9. Ailton Gonçalves Moraes Barros: Capitão reformado e aliado próximo de Bolsonaro, envolvido também no caso das vacinas. Pena: 13 anos.
10. Alexandre Ramagem (citado na decisão): Embora com medidas específicas, sua movimentação anterior para o exterior foi usada por Moraes como justificativa para o endurecimento do regime dos demais.
A nova ofensiva do STF demonstra uma mudança de postura em relação à execução das penas dos condenados pela tentativa de golpe. Ao substituir o regime aberto ou medidas mais brandas pela prisão domiciliar com monitoramento eletrônico, o Judiciário busca fechar o cerco contra tentativas de asilo político e evasão, como a protagonizada por Silvinei Vasques. A operação reafirma o compromisso das instituições em garantir que as sentenças proferidas pela Suprema Corte sejam efetivamente cumpridas, mitigando o risco de que os réus busquem refúgio em jurisdições estrangeiras.
