Brasileiro vence "Oscar da Saúde Mental" com estudo revolucionário sobre TDAH - Diferenças entre TDAH e Autismo
O professor Luis Augusto Rohde fez história ao se tornar o primeiro latino-americano a vencer o Ruane Prize for Child and Adolescent Psychiatric Research. O prêmio, reconhecido internacionalmente como o "Oscar da Saúde Mental", consagra décadas de dedicação ao entendimento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O mito das diferenças culturais no diagnóstico
A pesquisa premiada de Rohde resolveu um dilema histórico na psiquiatria: por que as taxas de TDAH pareciam variar tanto entre diferentes países?
- Metodologia vs. Cultura: Ao analisar dados de 100 mil jovens em mais de 102 estudos globais, o pesquisador provou que a frequência do transtorno é consistente no mundo todo.
- O erro científico: As variações observadas anteriormente não eram causadas por fatores culturais ou geográficos, mas sim por critérios e métodos diferentes utilizados pelos pesquisadores em cada região.
A ciência por trás do TDAH
O transtorno não é uma escolha comportamental, mas uma condição biológica clara.
- Neurodesenvolvimento: O TDAH resulta de alterações na maturação cerebral e em trajetórias específicas do desenvolvimento do sistema nervoso.
- Sintomas centrais: Manifesta-se através de desatenção, hiperatividade e impulsividade, gerando impactos reais na vida cotidiana desde a infância até a fase adulta.
O combate ao estigma e aos rótulos pejorativos
Rohde ressalta que o maior obstáculo para o tratamento ainda é o preconceito social.
- Adjetivos nocivos: Pacientes são frequentemente rotulados como "preguiçosos", "malcriados" ou "incompetentes", ignorando a base médica da condição.
- Desinformação digital: O pesquisador alerta para o perigo das redes sociais. Um estudo recente indicou que metade dos conteúdos mais populares sobre TDAH em plataformas como o TikTok contém informações incorretas ou enganosas.
Por que os diagnósticos estão aumentando?
Diferente do que muitos acreditam, não há uma "epidemia" de TDAH, mas sim uma evolução na medicina.
- Capacitação profissional: Médicos e psicólogos estão mais preparados para identificar os sintomas de forma precisa.
- Invisibilidade feminina: No passado, o foco era na hiperatividade física (mais comum em meninos). Atualmente, identifica-se melhor a desatenção e a disfunção executiva em meninas e mulheres, que costumam ser mais quietas e passavam despercebidas pelo sistema de saúde.
TDAH e Autismo: A expansão dos critérios
O pesquisador também traça um paralelo com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), explicando que o aumento de casos se deve a uma mudança na definição clínica.
- Ampliação do espectro: Desde 2013, a medicina passou a incluir nuances mais leves de interação social sob o guarda-chuva do autismo, o que antes era restrito apenas a casos graves de isolamento e ausência de fala.
A premiação de Luis Augusto Rohde não apenas coloca a ciência brasileira no topo do mundo, mas redefine o TDAH como uma questão de saúde global uniforme, e não um fenômeno cultural passageiro. Ao desmistificar o aumento dos diagnósticos como fruto de uma medicina mais inclusiva e precisa — especialmente para mulheres —, o pesquisador substitui o julgamento moral pela evidência clínica, provando que o conhecimento é a única ferramenta capaz de transformar o estigma em acolhimento e tratamento eficaz.
