Art Basel 2025: Cães-robôs com rostos de Musk, Zuckerberg e Andy Warhol criam NFTs e fotos físicas
A edição de 2025 da Art Basel Miami Beach, a principal feira de arte do mundo, foi palco de uma atração que se tornou o centro das atenções, das redes sociais e do debate cultural. Em vez de uma tela ou escultura tradicional, a vanguarda foi apresentada por um grupo de cães-robôs, mascarados com rostos de figuras icônicas, transformados em uma instalação artística viva e provocadora.
A instalação: Arte, robótica e personificação
O espetáculo da inovação foi concebido pelo renomado artista digital Beeple (Mike Winkelmann), famoso por ter vendido um NFT milionário em 2021. A obra combinou robótica avançada, arte física e a tecnologia digital de forma engenhosa e complexa.
- Personagens da tecnologia: A instalação utiliza plataformas robóticas quadrúpedes (semelhantes a modelos da Boston Dynamics) que foram customizadas com máscaras hiper-realistas de personalidades influentes. A escolha dos rostos como o magnata Elon Musk, o fundador do Meta Mark Zuckerberg e o falecido artista pop Andy Warhol cria uma imagem que é ao mesmo tempo familiar e profundamente estranha, questionando a identidade na era da tecnologia.
- Interação e criação em tempo real: Equipados com câmeras, os robôs não apenas circulam pelo espaço; eles interagem com o público, capturando fotografias do ambiente e dos espectadores.
- Obras duplas: A criação artística se materializa em dois formatos simultâneos:
- Cópia física: Uma pequena impressora acoplada na parte traseira dos robôs expele a foto tirada, entregando ao público uma obra de arte tangível e instantânea.
- Ativo digital (NFT): Cada fotografia é automaticamente convertida em um NFT (Non-Fungible Token), um certificado digital de propriedade único e inalterável, registrado em uma blockchain. Isso garante um ativo colecionável e verificável no universo digital.
Significado e relevância cultural
A obra de Beeple transcende o mero truque tecnológico, estabelecendo um diálogo profundo com as questões mais urgentes de nosso tempo.
Redefinindo a criação e a posse
- Fusão arte-tecnologia: A instalação coloca em xeque as fronteiras tradicionais da arte. O cão-robô atua simultaneamente como ferramenta, artista e distribuidor, explorando como a IA, a robótica e os ativos digitais estão remodelando os processos artísticos.
- Desmaterialização da arte: Ao gerar um NFT para cada foto impressa, a obra questiona o valor relativo da cópia física versus a certificação digital de posse, entrando no cerne do debate sobre o metaverso e a propriedade digital.
Comentário sobre a cultura da fama e vigilância
- Culto à personalidade tech: A seleção de rostos poderosos como Musk e Zuckerberg não é acidental. A obra satiriza e critica a idolatria, o poder e a personificação das grandes corporações de tecnologia, transformando seus líderes em autômatos que nos observam.
- Viralidade como conceito: O fato de a instalação ter se espalhado pela internet é parte integrante de sua proposta. Ela comenta sobre a economia da atenção, a natureza efêmera da fama digital e a cultura do like e do share, um tema que Andy Warhol já havia prenunciado.
O artista sai de cena
- Processo colaborativo e performático: A criação da obra acontece com e para o público, em tempo real. Isso afasta a figura do artista solitário em seu estúdio, focando em um processo colaborativo e performático, onde a máquina e o espectador são co-criadores.
Vídeo BBC: Os cães-robôs com rostos de Elon Musk e Mark Zuckerberg
Um olhar crítico para o futuro
- Os cães-robôs de Beeple funcionaram como um espelho incômodo e preciso de nossa era, sintetizando a onipresença da tecnologia antropomorfizada, a influência das grandes figuras do Vale do Silício, e a ascensão dos NFTs.
A instalação não oferece respostas fáceis, mas convida a um diálogo complexo, cumprindo um papel fundamental da arte de vanguarda: utilizar as ferramentas mais avançadas da época para interrogar criticamente as forças que estão moldando o futuro da humanidade.
