Ataque ao Pix: Como hackers usaram o Telegram e suborno para roubar R$ 1 Bilhão no maior crime digital do Brasil

O sistema financeiro brasileiro enfrentou um dos maiores ataques cibernéticos de sua história, com um desvio de aproximadamente R$ 1 bilhão
do pix, coordenado pelo Banco Central. Diferentemente de invasões técnicas, esse crime foi resultado de um planejamento meticuloso, envolvendo suborno a funcionários de bancos e exploração de falhas processuais. O telegram foi a ferramenta central para recrutar "insiders" (colaboradores internos corruptos), revelando uma fragilidade alarmante na segurança digital do país.
Como o ataque foi planejado e executado
- Recrutamento via telegram: Grupos clandestinos no aplicativo buscaram, desde maio de 2025, funcionários de bancos e do banco central com acesso a contas reserva. As mensagens prometiam pagamentos milionários para quem facilitasse transferências ilegais.
- Envolvimento de um insider: João Nazareno Roque, funcionário de TI da C&M software (parceira do Banco Central), foi preso por vender credenciais por
R$ 5 mil
e desenvolver um sistema para desviar recursos. Ele trocava de celular a cada duas semanas para evitar rastreamento. - Exploração de falhas sistêmicas: Segundo a Zenox (empresa de cibersegurança), o ataque não explorou brechas técnicas, mas sim a falta de monitoramento de processos, a confiança excessiva em parceiros e a ausência de compartilhamento de informações entre instituições financeiras.
Pontos-chave que facilitaram o crime
- Falta de monitoramento: Ignoraram sinais de recrutamento em fóruns públicos.
- Cadeia de suprimentos vulnerável: Terceirizados com acesso privilegiado não foram devidamente auditados.
- Cultura do silêncio: Bancos não compartilham dados sobre ataques, impedindo respostas coordenadas.
- Inteligência fragmentada: Incidentes menores anteriores (como vazamentos no Banco Inter e Neon) não foram conectados para prevenir o ataque.
Lições aprendidas
O relatório da Zenox destaca que o ataque foi a "industrialização" de uma falha já conhecida: a exploração de contas reserva por meio de insiders. A sofisticação do crime revela a profissionalização do cibercrime no brasil, que agora combina suborno, logística e conhecimento burocrático.
Recomendações para o futuro
- Monitoramento ativo: Rastrear fóruns e redes sociais onde hackers recrutam insiders.
- Colaboração entre instituições: Criar um HUB centralizado (como pela Febrabam) para compartilhar ameaças em tempo real.
- Revisão de processos: Restringir acessos a contas reserva e adotar verificações contínuas de parceiros.
- Conscientização: Treinar funcionários para identificar tentativas de cooptação.
Um alerta coletivo
Esse caso não é isolado, mas um sintoma de um problema maior: a segurança digital no brasil ainda depende de mudanças culturais e estruturais. Enquanto instituições priorizam a imagem sobre a transparência, criminosos continuarão a explorar essas brechas. A união do setor financeiro e a adoção de inteligência colaborativa são passos urgentes para evitar novos prejuízos bilionários.