Brasil e o diesel russo: Por que o país virou alvo de Trump e como isso afeta seu bolso?

O Brasil tornou-se um dos principais importadores de óleo diesel da Rússia, um negócio bilionário que ganhou força durante os governos de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Essa relação comercial, intensificada após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, colocou o Brasil na mira do governo norte-americano de Donald Trump, que ameaça impor sanções a países que financiam a máquina de guerra de Vladimir Putin. Este resumo detalha a trajetória desse comércio, seus impactos econômicos e políticos, e os riscos para o Brasil.
A ascensão do diesel russo no Brasil
- Dependência crescente: a Rússia passou de 0,2% das importações brasileiras de diesel em 2021 para 58,9% em 2025, tornando-se o maior fornecedor do produto.
- Volume financeiro: empresas brasileiras investiram
US$ 13 bilhões
em compras desde 2022, impulsionadas pela guerra na Ucrânia e pela falta de capacidade de refino no Brasil. - Fator geopolítico: o Brasil não aderiu às sanções ocidentais contra a Rússia, mantendo relações comerciais estratégicas, especialmente após a alta dos preços globais do petróleo.
Os governos Bolsonaro e Lula: Continuidade na estratégia
- Bolsonaro (2021-2022): incentivou importações de diesel russo para conter a alta dos preços dos combustíveis, crucial em ano eleitoral. Em junho de 2022, anunciou acordos com Putin, chamando a parceria de "casamento perfeito".
- Lula (2023 em diante): aprofundou os laços com a Rússia, especialmente via BRICS, e visitou Putin em 2025, destacando a importância do diesel russo para a economia brasileira. Lula evitou criticar a invasão à Ucrânia, focando em "paz" sem confrontar Moscou.
A mira dos Estados Unidos e os riscos de sanções
- Ameaça de Trump: em agosto de 2025, os EUA impuseram tarifas de 25% sobre produtos indianos por compra de combustíveis russos, sinalizando que Brasil e China podem ser os próximos.
- Justificativa: Washington alega que essas importações financiam a guerra na Ucrânia. Um projeto de lei no Congresso dos EUA propõe tarifas de até 500% para países que compram petróleo russo.
Preocupações no Brasil:
- Impacto econômico: sanções poderiam elevar custos de combustíveis e pressionar a inflação.
- Dependência crítica: o Brasil produz apenas 70% do diesel que consome, dependendo de importações para evitar desabastecimento.
As empresas brasileiras no centro do debate
- Principais importadoras: Vibra Energia, Raízen (via Blueway Trading), Ipiranga (Oil Trading), Refinaria de Manguinhos e Nimofast dominam 58% do mercado de diesel russo no Brasil.
- Exposição a riscos: algumas têm sócios estrangeiros (como Shell e BlackRock) e ações em bolsas internacionais, tornando-as vulneráveis a sanções indiretas.
- Posicionamento: empresas afirmam cumprir leis locais e internacionais, mas evitam comentar se as compras financiam a guerra.
Cenários possíveis e consequências para o Brasil
Sem sanções:
- O comércio com a Rússia segue, mas sob pressão diplomática constante.
Com sanções:
- Crise no abastecimento: necessidade de buscar fornecedores alternativos (EUA, Oriente Médio), com custos mais altos.
- Efeitos políticos: pressão sobre Lula em ano eleitoral (2026), com risco de desgaste se preços subirem.
- Fator Trump: sua imprevisibilidade e foco em interesses econômicos dos EUA dificultam previsões, mas o Brasil é alvo em potencial.
Um jogo geopolítico arriscado
A dependência do diesel russo colocou o Brasil em uma encruzilhada geopolítica. Por um lado, garante combustível mais barato e estabilidade econômica; por outro, expõe o país a retaliações dos EUA e a críticas por supostamente financiar a guerra na Ucrânia. A estratégia de Bolsonaro e Lula, embora vantajosa no curto prazo, pode se tornar um problema se Trump avançar com sanções. O Brasil precisa diversificar suas fontes de energia e preparar-se para cenários de crise, equilibrando relações diplomáticas e necessidades internas.