Brasil x EUA: Como o país pode revidar as tarifas de Trump sem provocar uma guerra comercial?
 No dia 2 de abril de 2025, o governo de Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 10% sobre todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos, medida que afetará diretamente a economia do Brasil. Em resposta, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva avalia estratégias para reagir sem desencadear uma guerra comercial prejudicial. Este resumo explora as opções disponíveis, seus riscos e o contexto histórico que influencia as decisões brasileiras.
O contexto da medida americana
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Trump e a política de "reciprocidade": O republicano justificou o aumento tarifário alegando que países como Brasil, China, Índia e União Europeia cobram taxas elevadas sobre produtos americanos. A tarifa brasileira (11,3% em média) é maior que a dos EUA (2,2%), mas itens estratégicos como petróleo e aeronaves têm alíquota zero.
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Impacto imediato: As exportações brasileiras de aço e alumínio já sofrem taxa de 25% desde março de 2024. A nova tarifa amplia o prejuízo, especialmente para setores como petróleo (
US$ 5,8 bilhõesem vendas em 2024) e siderurgia (US$ 2,8 bilhões). 
A arma brasileira: Retaliação na propriedade intelectual
1. Nova lei aprovada pelo Congresso: Permite ao Brasil retaliar sem aval da Organização Mundial do Comércio (OMC), mirando patentes de farmacêuticos, royalties e produtos culturais (ex.: filmes).
2. Estratégia de 2009 como modelo: Na disputa do algodão, o Brasil ameaçou quebrar patentes americanas, mas usou a medida como barganha para um acordo sem aplicar retaliações de fato.
Riscos: Especialistas como Lucas Ferraz (FGV) alertam que uma retaliação direta seria "suicídio econômico", pois poderia provocar medidas mais duras dos EUA.
Outras opções e seus limites
- Aumentar tarifas sobre importações dos EUA: Pouco viável, pois encareceria insumos industriais e inflacionaria produtos no Brasil.
 - Diplomacia e coalizões internacionais: Articular com México, Canadá e União Europeia para ampliar pressão sobre os EUA.
 - Recurso à OMC: Apesar da lentidão do órgão, o Brasil pode buscar respaldo legal contra as tarifas.
 
Dados que desafiam a narrativa de Trump
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Saldo comercial favorável aos EUA: Nos últimos 10 anos, os americanos acumularam superávit de
US$ 43 bilhõesnas trocas com o Brasil. Em 2024, o saldo foi de apenasUS$ 300 milhões. - 
Tarifas efetivas: Quando ponderadas pelo volume comercial, as taxas médias caem para 4,7% (Brasil) contra 1,3% (EUA), segundo o FGV Ibre.
 
O caminho da negociação
O Brasil enfrenta um dilema complexo: retaliar pode escalar conflitos, mas não reagir enfraquece sua posição. A saída mais segura, como no passado, é usar a ameaça estratégica (como a quebra de patentes) para forçar um acordo, enquanto busca aliados globais. A medida de Trump reflete uma guerra comercial ampla, cujos efeitos podem ser globais, mas o Brasil tem instrumentos para minimizar perdas — desde que aposte na prudência e no diálogo.
