De queridinha ao boicote: Entenda o "pé direito" de Fernanda Torres - A frase que dividiu políticos e afetou o valor das ações das "havaianas"
As ações da Alpargatas (ALPA4), controladora da marca Havaianas, operaram em queda nesta segunda-feira, 22 de dezembro. O movimento de desvalorização ocorre em um cenário de forte repercussão nas redes sociais, onde a nova peça publicitária da marca tornou-se o centro de um debate político acalorado.
O desempenho das ações no mercado
A reação do mercado financeiro foi imediata ao início das discussões no ambiente digital:
- Oscilação inicial: Nas primeiras horas do pregão, os papéis da companhia chegaram a registrar uma queda de 3%.
- Recuperação parcial: Por volta das 13h, as perdas foram suavizadas, com as ações recuando 1,37%.
- Contexto setorial: Analistas observam se a volatilidade é pontual ou se o movimento de boicote pode afetar as projeções de vendas para o final de ano.
O estopim da controvérsia: "Os dois pés no ano novo"
O foco da discórdia é o comercial estrelado pela atriz Fernanda Torres. No vídeo, a atriz faz um trocadilho com expressões populares para desejar um bom 2026:
A fala da atriz:
"Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar... a sorte não depende de você. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés, os dois pés na estrada na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser", diz Fernanda.
- Interpretação política: Grupos conservadores interpretaram a menção ao "não usar o pé direito" como uma crítica subliminar à ala política da direita, gerando uma onda de insatisfação entre parlamentares e influenciadores do setor.
A mobilização da oposição e pedidos de boicote
Lideranças da direita utilizaram suas redes sociais para criticar tanto a mensagem quanto a escolha da protagonista:
- Eduardo Bolsonaro: O parlamentar afirmou que o produto é um símbolo nacional, mas repudiou a escolha da atriz, classificando-a como uma figura declaradamente de esquerda. Em vídeo, ele descartou um par de sandálias da marca.
- Apoio ao boicote: Os deputados Bia Kicis (PL-DF) e Capitão Alberto Neto (PL-AM) também endossaram o movimento, incentivando seguidores a optarem por marcas concorrentes.
A contraofensiva de parlamentares governistas
Em resposta aos ataques, políticos da base de apoio ao governo iniciaram um movimento de defesa da fabricante brasileira:
- Defesa da democracia: Paulo Pimenta (PT-RS) manifestou apoio à marca e à atriz, associando o consumo do produto ao patriotismo e à valorização da democracia. O deputado afirmou que presenteará familiares com a marca no Natal.
- Engajamento digital: Outros nomes, como Rogério Correia (PT-MG) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), também publicaram mensagens de suporte, transformando a escolha de um calçado em um ato de posicionamento político.
- Até o momento, a Alpargatas não emitiu um comunicado oficial detalhando se haverá alterações na veiculação da campanha diante da polarização gerada.
O episódio evidencia como a polarização política transformou o consumo em um ato ideológico, onde uma simples peça publicitária pode impactar diretamente o valor de mercado de uma gigante nacional. Para a Alpargatas, o desafio agora vai além das vendas: a marca precisa equilibrar sua comunicação em um Brasil onde até a escolha do chinelo se tornou uma declaração de voto.
