EUA e Brasil em rota de colisão? Setor privado americano tenta frear tarifaço de Trump - Alertas para o risco de retaliação e prejuízos blionários

Uma carta preparada pela U.S. Chamber of Commerce (Câmara de Comércio dos Estados Unidos) está chamando a atenção ao alertar o governo americano sobre os riscos econômicos de impor tarifas comerciais ao Brasil. O documento, que deve ser entregue ainda nesta semana à Casa Branca, argumenta que as medidas protecionistas podem prejudicar empresas americanas e provocar retaliações por parte do Brasil. O tema ganhou destaque após o anúncio de uma investigação comercial contra o Brasil, conhecida como Seção 301, que analisa supostas práticas desleais no comércio bilateral.
O conteúdo da carta e seus principais alertas:
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A carta destaca que o "tarifaço" (aumento generalizado de tarifas) pode afetar diretamente empresas dos EUA que importam produtos brasileiros, além de colocar em risco cerca de 4 mil companhias americanas que operam no Brasil.
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O documento pede que o governo Trump não aplique as tarifas e, em vez disso, concentre esforços na investigação comercial em curso, que analisa temas como comércio digital, propriedade intelectual, pagamentos eletrônicos e desmatamento ilegal.
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Um dos receios é que o Brasil adote medidas de retaliação, impactando setores estratégicos para os EUA, como agricultura e tecnologia.
A investigação 301 e seus possíveis impactos:
A Seção 301 é um mecanismo legal usado pelos EUA para investigar práticas comerciais consideradas injustas por outros países. No caso do Brasil, a investigação foi aberta na semana passada pelo USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA).
Entre os pontos analisados estão:
- Barreiras ao comércio digital e serviços financeiros.
- Subsídios e tarifas consideradas desleais.
- Fiscalização anticorrupção e proteção de patentes.
- Questões ambientais, como o combate ao desmatamento ilegal.
Se confirmadas as tarifas, estados como o Rio de Janeiro poderão perder milhões em exportações, segundo a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ).
A reação do setor privado e as estratégias em curso:
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Empresas americanas estão pressionando o governo Trump para evitar o tarifaço, mas ainda há dúvidas se assinar a carta publicamente fortaleceria ou enfraqueceria a negociação.
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Paralelamente, setores empresariais sugerem áreas de cooperação, como a extração de minerais críticos (usados em tecnologias verdes e eletrônicos), tema discutido recentemente com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
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Apesar de algumas empresas estarem recorrendo à Justiça americana para barrar as tarifas, especialistas avaliam que uma decisão judicial antes de 1º de agosto é improvável, com processos similares levando em média dois meses para serem julgados.
A carta da U.S. Chamber of Commerce reflete a preocupação do setor empresarial com uma possível guerra comercial entre EUA e Brasil. Enquanto o governo Trump insiste em medidas protecionistas, as empresas alertam para os riscos de retaliações e perdas econômicas bilaterais. A investigação Seção 301 pode definir os rumos do comércio entre os dois países, mas a busca por diálogo e cooperação em áreas como mineração e tecnologia parece ser o caminho mais viável para evitar um conflito econômico amplo. O desfecho dessa disputa terá impactos significativos não só nas relações diplomáticas, mas também no mercado global.