Inflação dos alimentos no Brasil: Por que 97% das famílias estão mudando seus hábitos de consumo?

O aumento dos preços dos alimentos tem sido um desafio significativo para as famílias brasileiras, impactando diretamente o orçamento doméstico e alterando os hábitos de consumo. Diante desse cenário, os consumidores estão adotando estratégias como compras em atacadistas, mercados de bairro e feiras livres para economizar. Uma pesquisa realizada pela Brazil Panels Consultoria, em parceria com a Behavior Insights, revela dados importantes sobre essas mudanças e a percepção da população em relação à inflação.
A percepção generalizada da inflação
Para 97,2% dos entrevistados, os preços dos alimentos subiram de forma acelerada, tornando a inflação uma preocupação constante no dia a dia. Além disso, 95,1% afirmam que o custo de vida aumentou nos últimos 12 meses, enquanto apenas 3% consideram que os valores permaneceram estáveis e 1,9% perceberam redução. Esses números destacam a pressão financeira enfrentada pela maioria da população.
Mudanças no comportamento de consumo
Para lidar com a alta dos preços, os brasileiros estão buscando alternativas:
- Atacadistas: 41,8% passaram a comprar nesses estabelecimentos, onde os preços costumam ser mais baixos.
- Mercados de bairro: 17,4% aumentaram as compras nesses locais.
- Feiras livres: 5,4% dos consumidores estão recorrendo a essas opções.
Essa migração reflete a busca por preços mais acessíveis e a necessidade de ajustar os gastos diante da inflação.
Alimentos mais impactados e cortes no consumo
O setor de alimentação é o que mais sofre com a alta de preços, segundo 94,7% dos entrevistados. Produtos básicos estão sendo cortados do carrinho de compras:
1.
Azeite: 50,5% deixaram de comprar.
2.
Carne bovina: 46,1% reduziram o consumo.
3.
Café (34,6%), ovos (20%), frutas e verduras (12,7%), leite (9%) e arroz (7,1%) também foram afetados.
Claudio Vasques, CEO da Brazil Panels, ressalta que a inflação não apenas reduz o poder de compra, mas também redefine o que é considerado essencial.
Expectativas para os próximos meses
A pesquisa aponta um cenário de incerteza:
- 65,9% acreditam que o custo de vida continuará subindo nos próximos 12 meses.
- 23% esperam que os preços aumentem ainda mais.
- Apenas 8% acham que os valores ficarão estáveis, e 3,1% preveem redução.
Possíveis soluções
- Para 61,6% dos entrevistados, a redução de impostos sobre produtos básicos poderia ajudar a diminuir os preços. Vasques destaca que a expectativa de inflação prolongada tende a frear o consumo e aumentar a cautela dos consumidores e empresas.
A alta nos preços dos alimentos tem transformado os hábitos de consumo no Brasil, levando as famílias a buscar alternativas mais econômicas, como atacadistas e feiras. A percepção generalizada da inflação e os cortes em itens antes considerados essenciais refletem o impacto profundo da carestia no cotidiano. Enquanto a população espera por medidas que aliviem os custos, como a redução de impostos, o cenário econômico exige adaptações contínuas para garantir o acesso a alimentos básicos. A pesquisa evidencia não apenas um desafio financeiro, mas também uma mudança cultural na forma como os brasileiros encaram o consumo.