Petrobras reduz preço da gasolina: Quanto você vai economizar e quando o corte chega ao posto?

Nesta terça-feira (3 de junho de 2025), entrou em vigor o primeiro corte no preço da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras desde outubro de 2023. A redução de 5,6% no valor do combustível nas refinarias representa uma queda de R$ 0,17
por litro, ajustando o preço médio para R$ 2,85
. Essa medida, anunciada na véspera, tem potencial para impactar não apenas o bolso do consumidor, mas também a inflação e o mercado de combustíveis no Brasil.
O que motivou o corte?
Fontes da Petrobras explicam que a empresa adota uma política de "abrasileirar" os preços, que não segue rigidamente as variações internacionais. Quando os preços globais caem, a estatal cria um "colchão" para amortecer futuros aumentos. Já quando há alta no mercado externo, ela utiliza essa reserva para proteger o consumidor. O longo período sem reduções (20 meses) reflete essa estratégia.
Impacto nos postos e no consumidor
Apesar da queda anunciada, o repasse integral aos postos não é imediato. Especialistas projetam que:
- 30% a 35% da redução chegará às bombas em junho, segundo Andréa Angelo, da Warren.
- Até 50% poderá ser repassado, de acordo com Fábio Romão, da LCA Consultoria, resultando em uma queda de aproximadamente 2,56% no preço final.
O efeito deve ser sentido principalmente em junho e julho, com impacto direto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Efeitos na inflação
Analistas revisaram projeções para o IPCA 2025, reduzindo a estimativa de 5,5% para 5,3%. Para junho, a previsão caiu de 0,37% para 0,25%, e para julho, de 0,21% para 0,19%. Isso indica que o corte pode ajudar a conter a inflação no curto prazo.
Controvérsias e críticas
Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), critica a decisão, argumentando que a Petrobras já estava com preços defasados em relação ao mercado internacional e que o corte ocorre em um momento de alta global do petróleo. Para ele, a medida "não faz sentido do ponto de vista de mercado".
Reações do mercado financeiro
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Citi avalia que a redução pode prejudicar os resultados da Petrobras, com impacto estimado em US$ 690 milhões/ano na receita. Além disso, distribuidoras podem sofrer perdas com estoques adquiridos a preços mais altos.
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Goldman Sachs ressalta que, mesmo após o corte, os preços da Petrobras seguem ligeiramente acima da paridade internacional, o que poderia incentivar importações por concorrentes e pressionar a lucratividade do setor.
O corte no preço da gasolina pela Petrobras traz alívio imediato para os consumidores e ajuda a controlar a inflação, mas gera debates sobre sua sustentabilidade diante das oscilações do mercado global. Enquanto especialistas divergem sobre o timing da medida, seu efeito real dependerá do repasse aos postos e da reação dos outros players do setor. A política de preços "abrasileirada" continua sendo um experimento em andamento, cujos resultados a longo prazo ainda estão sob análise.