Por que o governo Trump quer investigar o Pix? Entenda por que o Pix virou alvo dos Estados Unidos

O sistema de pagamentos instantâneos Pix, lançado pelo Banco Central do Brasil em 2020, tornou-se um fenômeno nacional, com mais de 170 milhões de usuários e trilhões de reais em transações. No entanto, em julho de 2025, o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, anunciou uma investigação comercial que inclui o Pix como um dos alvos. Mas por que um sistema de pagamentos brasileiro chamou a atenção do governo americano? Este resumo explora os motivos, as implicações e as reações a essa decisão.
O contexto da investigação comercial dos EUA:
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A investigação foi anunciada pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) e faz parte de uma série de medidas contra o Brasil, incluindo ameaças de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
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O governo Trump justificou a ação citando um suposto déficit comercial e o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ele chamou de "caça às bruxas".
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O Brasil rebateu, afirmando que os EUA têm superávit comercial de mais de US$ 400 bilhões nos últimos 15 anos.
O Pix como alvo da investigação:
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O documento do USTR menciona indiretamente o Pix como um sistema "desenvolvido pelo governo" que poderia estar prejudicando empresas americanas de pagamentos.
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Especialistas acreditam que a investigação busca proteger empresas de tecnologia e financeiras dos EUA, como as big techs e operadoras de cartões, que perderam mercado com a popularização do Pix.
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Empresas como a Meta (controladora do Facebook e WhatsApp) já tentaram entrar no mercado de pagamentos no Brasil, mas enfrentaram resistência regulatória.
Reações do governo brasileiro e especialistas:
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O ministro da Casa Civil, Rui Costa, classificou a investigação como "inacreditável", destacando que o Pix é um sucesso nacional.
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Economistas como Carla Beni (FGV-SP) argumentam que a investigação é uma tentativa de proteger interesses comerciais dos EUA, ferindo a soberania brasileira.
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O advogado Frederico Glitz (UFPR) alerta que, se a investigação avançar, os EUA podem impor tarifas ou até barrar importações brasileiras.
O caso da Indonésia e o precedente internacional:
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Em março de 2025, os EUA investigaram o sistema de pagamentos por QR code da Indonésia (QRIS), alegando que empresas americanas foram excluídas do processo de desenvolvimento.
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Isso sugere um padrão de ação dos EUA contra sistemas de pagamento estatais que competem com empresas americanas.
O que é o Pix e por que ele é um sucesso?
- Lançado em 2020, o Pix permite transferências instantâneas e gratuitas, substituindo TEDs e DOCs.
- Em 2025, já tinha mais de 175 milhões de usuários e movimentou R$ 2,6 trilhões apenas em abril.
- Novas funcionalidades, como o Pix automático (para pagamentos recorrentes), aumentam sua utilidade e ameaçam ainda mais as operadoras de cartão.
- O Pix beneficiou especialmente pequenos negócios e pessoas de baixa renda, reduzindo custos de transação.
A investigação do governo Trump sobre o Pix reflete uma disputa comercial que vai além do sistema de pagamentos. Enquanto os EUA alegam práticas desleais, o Brasil vê a medida como uma interferência em sua soberania e um ataque a uma ferramenta que democratizou o acesso a serviços financeiros. O desfecho dessa investigação pode impactar não só as relações bilaterais, mas também o futuro de inovações financeiras em outros países. Se o Pix for considerado uma "ameaça" aos interesses americanos, isso pode abrir um precedente perigoso para políticas públicas nacionais em todo o mundo.