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terça-feira, 29 de julho de 2025 às 10:51 GMT+0

Qual seria o caminho do Brasil para barrar o tarifaço de Trump sem ceder à chantagem? Quem pode impedir e quais os riscos?

Em uma situação inédita e alarmante, o Brasil enfrenta uma ameaça econômica direta dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump anunciou a imposição de sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, a partir de 1° de agosto de 2025. A medida é parte de uma chantagem política que exige, entre outras coisas, o arquivamento de ações judiciais contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e mudanças em políticas brasileiras, como a regulamentação de big techs e o sistema Pix. Diante desse cenário, surge a pergunta: há como frear esse tarifaço sem ceder às pressões?

O contexto da ameaça e suas implicações:

  • Trump utiliza uma estratégia sem precedentes em democracias ocidentais, vinculando políticas comerciais a interferências em processos judiciais internos de outro país.
  • Além do STF, as críticas abrangem decisões do Brasil sobre tecnologia e finanças, como o Pix, que compete com sistemas americanos.
  • A medida pode prejudicar setores estratégicos da economia brasileira, como agronegócio, aviação (Embraer) e indústria.

Possíveis caminhos para o Brasil:

1. Recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC):

  • A OMC regula disputas comerciais entre países e poderia analisar a legalidade das tarifas.
  • Limitação: Processos são lentos (podem levar anos) e a organização não tem poder para obrigar a suspensão imediata das taxas.

2. Ação no Congresso dos EUA:

  • A Constituição americana dá ao Congresso o poder de regular comércio internacional, mas Trump tem maioria parlamentar e usa decretos presidenciais para impor tarifas, evitando votação.

A solução mais viável - O Tribunal Americano de Comércio Internacional:

Única instituição com poder legal para barrar o tarifaço:

  • Empresas afetadas (como as que importam produtos brasileiros) podem entrar com ações contestando as sobretaxas.
  • Em maio de 2025, o tribunal já derrubou tarifas globais de Trump, considerando-as ilegais por excesso de poder presidencial.

Desafios no caso do Brasil:

  • Diferentemente da tarifa global de abril, agora os EUA alegam "práticas comerciais desleais" do Brasil, com base em uma lei de 1974.
  • Uma investigação em curso pelo governo americano pode prolongar a disputa, mas empresas podem agir judicialmente antes da conclusão.

Estratégias complementares:

Aliança com empresas americanas:

  • Setores como petróleo, tecnologia e agricultura nos EUA podem pressionar contra as tarifas, pois dependem de produtos brasileiros.
  • Exemplo: A empresa americana que comprou 74 aviões da Embraer já criticou a medida.

Diplomacia e articulação política:

  • Senadores brasileiros já se reuniram com representantes da Câmara de Comércio dos EUA para buscar apoio.
  • A União Europeia, antes aliada em disputas comerciais, recentemente fez acordo com os EUA, reduzindo opções de parceria para o Brasil.

O Brasil tem alternativas para resistir ao tarifaço, embora nenhuma seja simples ou imediata. O caminho mais eficaz no curto prazo é a judicialização no Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, aproveitando precedentes favoráveis. Paralelamente, aliar-se a setores empresariais americanos descontentes e fortalecer a diplomacia são medidas essenciais. A situação expõe a vulnerabilidade de países em disputas assimétricas com potências, mas também reforça a importância de instituições multilaterais e da cooperação econômica global. Enquanto o governo brasileiro busca soluções, o mundo observa um teste inédito dos limites entre política externa e interferência em soberanias nacionais.

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