Irã e Israel à beira de uma guerra total: Por que Teerã está disposta a correr esse risco?

O recente disparo de cerca de 180 mísseis balísticos pelo Irã contra Israel marca uma escalada dramática no conflito no Oriente Médio. Tradicionalmente, o Irã evita confrontos diretos, utilizando grupos como Hezbollah e Hamas para atacar Israel, mas essa ação sugere uma mudança estratégica significativa. Diante das implicações globais e regionais dessa decisão, é crucial entender por que o Irã está disposto a correr esse risco.

A crise de legitimidade interna no Irã

O regime iraniano enfrenta uma crescente insatisfação popular, exemplificada pelos protestos como o movimento “Mulheres, Vida, Liberdade”. Qualquer guerra direta pode aumentar a dissidência interna, representando um perigo existencial para a liderança do país.

A identidade estatal e o papel do líder supremo

O Irã foi construído com base na resistência aos EUA e Israel. A falta de ação contra Israel, depois dos recentes ataques aos seus aliados, poderia minar a identidade do regime. O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, juntamente com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), têm defendido uma posição mais agressiva.

O presidente reformista e o acordo nuclear

Apesar dos esforços do presidente Masoud Pezeshkian para melhorar as relações com o Ocidente e reviver o acordo nuclear, a dinâmica mudou. O apoio aberto do Irã ao Hamas e Hezbollah, combinado com sua retórica anti-Israel, dificultou a reaproximação com as potências ocidentais.

O delicado equilíbrio de poder

O Irã mantém um equilíbrio entre fortalecer sua posição regional e controlar a dissidência interna. No entanto, os ataques israelenses repetidos contra seus aliados forçaram o Irã a agir, enfatizando sua identidade anti-Israel.

O Irã, ao atacar diretamente Israel, arrisca não apenas uma retaliação militar, mas também a estabilidade de seu regime interno. O conflito coloca o Golfo Pérsico em risco, podendo gerar uma escalada com os EUA e comprometer a segurança global. O cenário é perigoso, e qualquer movimento precipitado pode desencadear uma guerra regional devastadora.