Mixue no Brasil: Segredos da gigante chinesa de Fast Food MAIOR que o McDonald's

A recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China resultou em acordos econômicos relevantes para o Brasil, entre eles, o anúncio da chegada da rede chinesa de fast food Mixue Ice Cream & Tea ao país. A empresa, maior até que McDonald's e Starbucks em número de lojas, planeja investir R$ 3,2 bilhões
no Brasil e promete criar até 25 mil empregos até 2030.
A seguir, um resumo completo, organizado e didático sobre a trajetória da Mixue, suas práticas, desafios e o que o Brasil pode esperar dessa gigante do setor de bebidas e sobremesas geladas.
O que torna esse investimento importante
A chegada da Mixue representa mais que uma nova rede de fast food. Ela simboliza:
- A entrada da primeira grande rede chinesa de alimentação no Brasil, o que pode abrir portas para outras marcas asiáticas.
- Um investimento direto robusto, dentro de um pacote de
R$ 27 bilhões
prometidos por empresas chinesas, que também abrange os setores de energia, tecnologia e mobilidade. - A geração de empregos em larga escala, algo estratégico diante das taxas de desemprego e informalidade no país.
Origem humilde e crescimento meteórico
A história da Mixue é um exemplo clássico de empreendedorismo chinês:
- Fundada por Zhang Hongchao em 1997 na província de Henan, a rede começou como uma barraca de raspadinhas.
- Aos poucos, evoluiu para uma cadeia de lojas que vendem sorvetes, bubble tea, smoothies e café a preços muito baixos.
- O nome completo da empresa, Mixue Bingcheng, significa "palácio de neve doce".
O grande trunfo da marca está na combinação entre preços acessíveis e uma identidade visual cativante, com destaque para o mascote Snow King e um jingle que toca repetidamente nas lojas.
Maior que McDonald’s e Starbucks
Com mais de 45 mil unidades na China e em 11 outros países da Ásia, a Mixue já ultrapassou gigantes globais:
- McDonald’s: Mais de 43 mil lojas.
- Starbucks: Cerca de 40,5 mil unidades.
Grande parte das unidades da Mixue é operada por franqueados, e não diretamente pela empresa. O modelo de negócios foca na venda de insumos e equipamentos para franqueados, o que acelera a expansão mantendo custos operacionais baixos.
Estratégia de franquias e riscos envolvidos
A rápida expansão tem um preço. Em 2023, uma investigação do jornal The Beijing News revelou irregularidades em unidades da Mixue, como:
- Uso de ingredientes vencidos.
- Alteração de datas de validade.
- Falta de registro formal de funcionários.
- Uso de alimentos descartados para corte de custos.
As denúncias resultaram em inspeções oficiais e exigência de correção por parte das autoridades chinesas. Especialistas apontam que o modelo de franquia aliado a preços muito baixos dificulta o controle de qualidade.
Além disso, em 2022, unidades da rede foram multadas por empregarem menores de 16 anos, o que é ilegal na China.
Lucros bilionários e crescimento internacional
Apesar das polêmicas, a Mixue mantém resultados financeiros expressivos:
- Em 2022, a empresa lucrou mais de
US$ 300 milhões
, com produtos de baixo custo. - Em março de 2025, a rede estreou com sucesso na Bolsa de Valores de Hong Kong, arrecadando
US$ 444 milhões
na maior abertura de capital do ano na cidade. - A estratégia combina uma operação altamente eficiente, presença forte nas redes sociais e apelo entre o público jovem.
A chegada da Mixue ao Brasil marca um momento relevante de aproximação econômica entre os dois países e pode transformar o setor de alimentação no mercado nacional. Seu modelo de preços acessíveis e apelo visual tem potencial para conquistar os brasileiros, principalmente os mais jovens. No entanto, o sucesso dependerá da capacidade da empresa de se adaptar a normas sanitárias locais, garantir a qualidade dos produtos e respeitar as leis trabalhistas — falhas nessas áreas já causaram sanções na China.
A experiência brasileira com outras empresas chinesas como BYD (bem-sucedida) e Seres (com dificuldades) mostra que o desempenho local depende não apenas do nome da marca, mas da adaptação à realidade do país. A Mixue chega com força, mas precisará mais do que preços baixos para conquistar o paladar e a confiança do consumidor brasileiro.