Romeu Zema e as polêmicas de 2026: Anistia a Bolsonaro, apoio a sanções dos EUA e propostas radicais – Entenda o projeto do pré-candidato

Em entrevista à BBC News Brasil, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), discutiu temas polêmicos enquanto prepara sua pré-candidatura à Presidência em 2026. Suas declarações abrangeram desde relações internacionais até políticas sociais, revelando posicionamentos que podem definir seu projeto político. Este resumo destaca os pontos principais, contextualizando suas falas e implicações.
Pré-candidatura e relação com Bolsonaro
Zema admitiu que pode não contar com o apoio de Jair Bolsonaro em 2026, reconhecendo que a direita terá múltiplos candidatos. Ele afirmou: "Estaremos caminhando de maneira solitária no primeiro turno, mas juntos no segundo". Apesar disso, reafirmou seu compromisso com a candidatura, mesmo sem o aval do ex-presidente.
- Reflete a fragmentação da direita brasileira pós-Bolsonaro.
- Mostra a estratégia do Novo de fortalecer sua base eleitoral independentemente de alianças tradicionais.
Anistia a Bolsonaro e reação dos eleitores
Zema mantém sua proposta de anistiar Bolsonaro, mesmo após pesquisa Datafolha indicar que 61% dos eleitores rejeitam a ideia. Ele comparou o perdão a medidas históricas, como a anistia pós-regime militar, argumentando:
"Temos de passar uma régua e olhar para o futuro".
- Evidencia seu alinhamento ideológico com bolsonaristas, apesar do risco eleitoral.
- Levanta debates sobre justiça e impunidade em casos como o suposto golpe de 2023.
Polêmicas domésticas: Salário e gestão pública
Questionado sobre o aumento de 300% em seu salário como governador, Zema justificou a medida como necessária para equiparar remunerações a outros Estados. Afirmou ainda que doa "praticamente todo"
seu salário, posicionando-se como um gestor técnico e não motivado por interesses financeiros.
- Expõe contradições entre discurso de austeridade e benefícios pessoais.
- Pode impactar sua imagem como defensor do equilíbrio fiscal.
Relações EUA-Brasil e sanções a Moraes
Zema apoiou as sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, classificando-as como "corretas" e um "alerta" ao Brasil. Criticou Lula por supostamente provocar retaliações ao "agredir" os EUA, comparando o país a um "cliente que deve ser bem tratado"
. No entanto, rejeitou interferências diretas no Judiciário brasileiro.
- Sinaliza alinhamento com setores críticos ao STF e a Lula.
- Revela tensões geopolíticas e a dependência econômica do Brasil em relação aos EUA (12% das exportações brasileiras).
Propostas polêmicas: Moradores de rua e Bolsa Família
O governador defendeu a proibição de dormir em vias públicas, comparando moradores de rua a "carros estacionados irregularmente"
. Sobre o Bolsa Família, propôs um "desmame gradual"
, mas demonstrou desconhecimento sobre a regra de proteção já existente (que mantém benefícios por 12 meses após emprego formal).
- Reflete visão punitivista sobre pobreza, similar a políticas adotadas por Trump e Bukele.
- Expõe lacunas em seu conhecimento sobre programas sociais consolidados.
Reformas tributárias e trabalhistas
Zema apoia a taxação de grandes fortunas e uma "CLT 2" para regulamentar a pejotização, argumentando que trabalhadores deveriam ter opção de escolha. Contudo, destacou a necessidade de progressividade fiscal.
- Mostra contradição entre seu perfil liberal e propostas de intervenção estatal.
- Abre discussão sobre modernização das leis trabalhistas.
Democracia e comparações controversas
Ao relativizar a ditadura militar ("houve terroristas de ambos os lados") e elogiar Nayib Bukele, Zema foi questionado sobre seu compromisso democrático. Ele respondeu citando sua trajetória como gestor empresarial, afirmando:
"Quem me conhece sabe que não sou autoritário".
- Acende alertas sobre sua visão de Estado de Direito.
- Contrasta com a retórica de defesa intransigente da democracia.
Romeu Zema posiciona-se como um candidato que mistura liberalismo econômico com conservadorismo social, apostando em polêmicas para mobilizar eleitores. Suas declarações revelam:
- Oportunidades: Atrai setores descontentes com Lula e Bolsonaro.
- Riscos: Falhas em propostas concretas e alinhamento com figuras autoritárias podem alienar moderados.
- Contexto: Seu discurso reflete a polarização global, onde temas como segurança e soberania dominam debates.
Seu projeto dependerá da capacidade de conciliar retórica inflamada com planos factíveis, num cenário onde a direita brasileira ainda busca identidade pós-2022.