Pena de Bolsonaro caso seja condenado : Entenda como funciona os 43 anos de prisão e o regime fechado

O ex-presidente Jair Bolsonaro está no centro de um dos processos judiciais mais relevantes da história recente do Brasil. Acusado de liderar um plano para um golpe de Estado após as eleições de 2022, seu caso será julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de 2 de setembro de 2025.
Ele já cumpre prisão domiciliar em Brasília por não ter seguido as medidas cautelares impostas pela justiça. Este julgamento é um marco para a consolidação do Estado Democrático de Direito no país, mostrando que a lei deve ser aplicada a todos, independentemente do cargo que ocuparam.
As acusações e as possíveis penas
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro formalmente de cinco crimes. A soma das penas máximas pode chegar a 43 anos de reclusão. Especialistas, como o advogado criminalista Bruno Salles, estimam que uma condenação por todas as acusações poderia resultar em uma pena de 35 a 39 anos.
Aqui estão as acusações detalhadas:
1.
Organização criminosa armada: A acusação aponta que Bolsonaro liderou um grupo estruturado para cometer crimes, com o uso de armas previsto no plano. A pena varia de 3 a 8 anos de reclusão.
2.
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: Este crime, previsto em uma lei sancionada pelo próprio Bolsonaro em 2021, pune a tentativa de suprimir o regime democrático com violência ou ameaça. A pena é de 4 a 8 anos de prisão.
3.
Golpe de Estado: Previsto na mesma lei, este crime se refere à tentativa de destituir o governo eleito de forma ilegítima, utilizando violência ou grave ameaça. A pena é mais severa, de 4 a 12 anos de reclusão.
4.
Dano qualificado contra o patrimônio da União: Relacionado aos prejuízos milionários causados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 aos prédios dos Três Poderes. A pena pode ser de 6 meses a 3 anos de detenção, além de multa.
5.
Deterioração de patrimônio tombado: Refere-se especificamente aos danos a prédios históricos durante os mesmos ataques. A pena para este crime é de 1 a 3 anos de reclusão, além de multa.
O regime inicial de pena: O que acontece se houver condenação?
- Se condenado, o ex-presidente provavelmente iniciará o cumprimento de sua pena em regime fechado. A lei penal brasileira estabelece que condenações superiores a 8 anos de prisão devem começar nesse regime.
- Apesar de já estar em prisão domiciliar, essa é uma medida cautelar, ou seja, uma situação processual temporária. Em caso de condenação, a lei permite o cumprimento da pena em casa apenas em condições específicas, como para réus com mais de 80 anos ou com doenças graves. No entanto, essas condições não se aplicam ao caso de Bolsonaro.
Quem mais está envolvido?
O processo não se restringe a Jair Bolsonaro. Outras sete figuras-chave de seu governo e círculo próximo também são acusadas de fazer parte do suposto plano golpista:
- Alexandre Ramagem (deputado federal)
- Anderson Torres (ex-ministro)
- Augusto Heleno (ex-ministro)
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro)
- Walter Braga Netto (ex-ministro)
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens)
Possíveis próximos passos: Uma cela especial
A Polícia Federal (PF) já se preparou para a possibilidade de uma condenação em regime fechado. De acordo com a CNN, uma cela temporária foi montada na Superintendência da PF no Distrito Federal. A estrutura, com banheiro, cama, mesa de trabalho e televisão, é semelhante à utilizada para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba, em um caso anterior.
Por que este julgamento é histórico?
O julgamento de Jair Bolsonaro é um momento decisivo para a democracia brasileira. Ele coloca à prova a capacidade das instituições de aplicar a lei de forma imparcial, responsabilizando qualquer pessoa que tente subverter a ordem constitucional.
A decisão do STF será observada de perto por todo o mundo, enviando uma mensagem sobre a força do princípio de que ninguém está acima da lei e do compromisso do Brasil com a preservação da sua democracia.