A verdade sobre o fim do tratamento com as canetas emagrecedoras(Ozempic, Wegovy e Mounjaro): O peso volta sempre?
O uso de medicamentos da classe dos GLP-1 (como Ozempic, Wegovy e Mounjaro) revolucionou o tratamento da obesidade, agindo diretamente no cérebro para "desligar" o pensamento constante em comida. No entanto, o fim das injeções traz um desafio crítico: como manter os resultados sem o suporte químico?
As histórias de Ellen e Tanya exemplificam os dois lados dessa transição.
O funcionamento e o alto custo
- As canetas injetáveis imitam hormônios naturais que regulam a saciedade e o apetite. Enquanto o Wegovy (semaglutida) foca no GLP-1, o Mounjaro (tirzepatida) atua também no hormônio GIP, sendo ainda mais potente. No Brasil, o custo mensal para iniciar o tratamento com Mounjaro gira em torno de R$ 1.400, o que torna a manutenção financeira do tratamento um obstáculo para muitos a longo prazo.
O desafio de Tanya: O efeito "interruptor"
Para Tanya Hall, que perdeu 38 kg, a medicação foi uma ferramenta de validação social e profissional. Contudo, sua experiência revela o lado obscuro da dependência biológica do remédio:
- Efeitos colaterais de impacto: Durante o uso, Tanya enfrentou enjoos constantes, dores de cabeça e queda de cabelo severa.
- O retorno do ruído alimentar: Ao tentar interromper as doses, ela descreve a sensação de um "interruptor de fome" sendo ligado instantaneamente.
- A barreira psicológica: O medo de recuperar o peso gerou um ciclo de dependência. Hoje, ela questiona se tem o controle da situação ou se o medicamento é quem a controla.
A estratégia de Ellen: A preparação para a saída
Ellen Ogley utilizou o Mounjaro como uma "última chance" para evitar riscos cirúrgicos. Sua jornada de sucesso após a interrupção baseou-se em pontos fundamentais:
- Redesenho da relação com a comida: Ela aproveitou a ausência da compulsão (o "food noise") para estudar nutrição e entender seus gatilhos emocionais.
- Desmame gradual: Em vez de parar bruscamente, Ellen reduziu as doses ao longo de seis semanas, permitindo que o corpo se adaptasse.
- Troca de mecanismos de recompensa: Ao sentir-se triste ou ansiosa, substituiu o ato de comer por exercícios físicos, como a corrida.
O "efeito tsunami": Riscos da interrupção abrupta
O Dr. Hussain Al-Zubaidi, especialista em estilo de vida, alerta que interromper o tratamento na dose máxima sem acompanhamento é como "pular de um penhasco". As estatísticas mostram um cenário desafiador:
- Recuperação de peso: Estima-se que as pessoas recuperem entre 60% e 80% do peso perdido em até três anos após pararem o remédio.
- Fome rebote: Sem o hormônio sintético, a vontade de comer pode retornar como uma "avalanche" já no dia seguinte.
- Necessidade de suporte: Órgãos de saúde internacionais recomendam que o paciente tenha pelo menos um ano de aconselhamento e mudanças práticas no estilo de vida após o fim do uso das canetas.
Importância da estratégia de saída
A obesidade é uma condição complexa e, como define o Dr. Al-Zubaidi, "não é uma deficiência de GLP-1". O sucesso a longo prazo depende de uma combinação de fatores: momento certo para parar, suporte médico contínuo e uma mudança profunda no ambiente e na mentalidade do paciente. Enquanto Tanya permanece no tratamento por precaução, Ellen prova que é possível manter a saúde de forma sustentável após o uso da medicação.
