Disfunção erétil tem cura? Procura por tratamento no SUS dobra em 5 anos e sinaliza fim do tabu

A disfunção erétil (DE), historicamente vista como um tema de vergonha e silêncio, está finalmente emergindo das sombras. Um levantamento recente, baseado em dados do Ministério da Saúde e analisado pela CNN, revela uma mudança significativa: os homens estão cada vez mais buscando ajuda médica. Essa nova atitude está transformando a DE de um estigma pessoal para uma legítima questão de saúde pública.
Atendimentos no SUS quase dobram: Uma mudança de comportamento
Os números falam por si. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento impressionante nos procedimentos ambulatoriais para impotência de origem orgânica.
2019:
1.015 atendimentos2020:
547 (queda devido à pandemia de Covid-19)2021:
1.075 (retomada e superação do nível pré-pandemia)2022:
1.2212023:
1.8472024:
1.814
Os dados se referem ao número de atendimentos, não de pessoas; considera-se que um indivíduo pode ser atendido mais de uma vez.
Esse aumento indica uma democratização do cuidado, garantindo que o acesso ao tratamento não seja limitado pela condição socioeconômica, e reflete a crescente conscientização sobre a importância da saúde sexual.
Por que a procura aumentou?
O Dr. Rafael Ambar, urologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), aponta que esse fenômeno é resultado de uma combinação de fatores:
- Maior expectativa de vida: Homens de todas as idades estão mais interessados em manter a qualidade de vida, incluindo a atividade sexual.
- Crescimento de comorbidades: O aumento de doenças como diabetes, obesidade e hipertensão eleva o risco de DE, tornando a busca por tratamento mais urgente.
- Acesso à informação: A internet e a mídia têm desempenhado um papel crucial na quebra do constrangimento, educando a população sobre os riscos e tratamentos disponíveis.
A disfunção erétil como sinal de alerta para a saúde do coração
A DE é mais do que um problema isolado; ela pode ser um importante sinal de alerta. As artérias do pênis são menores e mais finas que as do coração, e qualquer problema de circulação tende a se manifestar primeiro nelas.
- A disfunção erétil pode surgir de dois a cinco anos antes de um infarto.
- Homens com DE têm um risco 1,6 vez maior de desenvolver doença coronariana.
A importância da saúde mental
Além dos fatores físicos, a mente tem um papel central na disfunção erétil, principalmente em homens mais jovens.
- Fatores de risco: Colesterol alto, pressão alta, diabetes, obesidade e tabagismo são as causas mais comuns. Um estilo de vida sedentário pode aumentar o risco em até 70%.
- Causas psicológicas: Em homens com menos de 45 anos, a DE psicogênica (causada por problemas emocionais) responde por cerca de 75% dos casos. Depressão, ansiedade, estresse e problemas de relacionamento são os principais gatilhos.
Combater o estigma é essencial
Apesar dos avanços, o estigma persiste. A pressão social que associa virilidade ao desempenho sexual leva muitos homens a encarar a DE como uma falha pessoal.
- Sentimentos de vergonha e depressão são comuns.
- O apoio de parceiras e parceiros é fundamental para encorajar a busca por ajuda.
Opções de tratamento disponíveis
O tratamento é personalizado e escalonável, adaptando-se a cada caso:
- Mudança de estilo de vida: O primeiro passo é sempre adotar hábitos saudáveis, como exercícios físicos, alimentação equilibrada e controle do estresse.
- Psicoterapia: Altamente recomendada para casos de origem psicogênica.
- Medicamentos orais: Opções eficazes com poucos efeitos colaterais.
- Terapias injetáveis: Indicadas para quem não responde à medicação oral.
- Prótese peniana: Uma solução definitiva para casos mais graves.
A disfunção erétil está finalmente saindo da esfera do tabu e sendo reconhecida como uma condição médica multifatorial e, acima de tudo, tratável. Buscar ajuda médica é um ato de autocuidado que vai além da esfera sexual, representando um investimento na qualidade de vida, saúde mental e, crucialmente, na prevenção de doenças cardiovasculares.