Casamento com 'ingresso': O fenômeno dos convidados pagantes que transforma festas de luxo na Europa

Imagine receber um convite para uma festa de casamento. Agora, imagine que você não conhece os noivos e, em vez de um presente, você paga para estar lá. Essa é a proposta da plataforma digital Invitin, que está transformando o tradicional mundo dos casamentos na Europa.
A seguir, vamos mergulhar nos detalhes dessa tendência inovadora e um tanto curiosa.
Como tudo começou: De uma pergunta de criança a um negócio promissor
A ideia surgiu na França, com a empreendedora Kátia Lekarski. Ao alugar sua casa para hóspedes que iam a um casamento, sua filha fez uma pergunta simples, mas inspiradora:
"Por que nós não podemos ir também?".
Foi assim que nasceu a Invitin, uma startup que conecta noivos que desejam abrir sua festa a pessoas que topam pagar para participar da celebração.
Como funciona: Conectando noivos e convidados
A plataforma atua como uma ponte segura, garantindo que a experiência seja positiva para todos.
- Para os noivos: Eles anunciam o casamento, detalhando o local, estilo da festa, código de vestimenta e o preço por convidado. Também podem especificar o perfil de pessoas que gostariam de receber, como faixa etária.
- Para os convidados: É preciso criar um perfil, com informações básicas e verificação das redes sociais para garantir a idoneidade. Após a aprovação, o usuário pode explorar os casamentos disponíveis.
A Invitin faz a conexão e formaliza um acordo. O convidado se compromete a seguir regras de conduta (como respeitar o dress code e a pontualidade), e a plataforma fica com uma comissão de 15% sobre o valor pago.
O que motiva os noivos a abrir a festa para estranhos?
A decisão de convidar desconhecidos vai além do simples retorno financeiro.
- Ajuda nos custos: O motivo mais evidente é ajudar a cobrir os altos gastos de uma festa de casamento.
- Uma festa mais animada e equilibrada: A noiva Jennifer Reinfrank, por exemplo, usou o serviço para ter mais homens na festa, já que tinha muitas amigas solteiras. O objetivo era simples: animar a pista de dança!
- Novas energias e diversidade: Alguns casais buscam adicionar um toque de novidade e multiculturalidade à celebração, misturando diferentes backgrounds e culturas.
A experiência do convidado: Uma aventura social e profissional
Para quem compra o "ingresso", a experiência é vista como uma oportunidade de entretenimento e, por que não, de networking.
- Mergulho cultural e social: A portuguesa Marta Fernandes participou de um casamento no Porto e descreveu a experiência como "muito boa", destacando o valor de conhecer novas pessoas e vivenciar uma cultura diferente.
- Networking e oportunidades: Marta também aproveitou a ocasião para divulgar sua ótica e fazer contatos profissionais.
- O valor do "ingresso": Os preços variam bastante. Marta pagou 25 euros(média de
155 reais)
para participar do coquetel e da cerimônia, enquanto em outro casamento o preço foi de180 euros(média de 1.122 reais)
por pessoa para ter acesso à festa completa com comida e bebida.
Uma tendência que desafia o tradicional
Esse fenômeno reflete como a economia digital e colaborativa está remodelando até mesmo as celebrações mais íntimas e pessoais.
- A reinvenção das tradições: O modelo desafia convenções sociais seculares, mostrando que os rituais podem se adaptar aos novos tempos e às conexões digitais.
- Um novo nicho de mercado: A Invitin prova que ainda existem oportunidades de negócio inexploradas, criando uma solução que beneficia economicamente noivos e convidados.
- Globalização de experiências: A plataforma permite que uma pessoa de qualquer país possa participar de um casamento em outra nação, vivenciando costumes locais de uma forma autêntica.
Uma experiência positiva, mas ainda um nicho
Com base nos relatos apresentados, a experiência tanto para os noivos quanto para os convidados pagantes tem sido positiva, marcada por respeito, educação e diversão. A noiva Jennifer Reinfrank afirmou que sua festa foi "muito divertida" e que a presença dos desconhecidos foi bem-vinda. A startup, lançada em abril, ainda é um empreendimento em crescimento, com dois mil usuários e seis casamentos realizados com a sua mediação até o momento. Embora ainda seja uma prática niche, a ideia de "convidados pagantes" demonstra como a economia colaborativa e digital continua a transformar até mesmo as nossas celebrações mais pessoais e tradicionais, oferecendo uma alternativa curiosa para quem quer viver ou oferecer uma experiência memorável.