Einstein mais radical que Che Guevara? Físico Carlo Rovelli alerta sobre IA e clama por "inteligência natural' global

O aclamado físico teórico italiano Carlo Rovelli, autor do best-seller Sete Lições Curtas de Física, não se limita a buracos negros e teorias quânticas. Ele se destaca como um influente intelectual que usa sua voz para debater os problemas do mundo, além da ciência.
O fisíco e a realidade radical de Einstein
- Choque e inspiração: Rovelli teve um "choque" ao mergulhar na física moderna (mecânica quântica e relatividade geral) em sua juventude.
- Einstein radical: Ele achou as ideias de Albert Einstein "mais radicais do que Che Guevara e Mao Tsé-Tung".
- A natureza do espaço-tempo: A teoria da relatividade geral revolucionou sua visão, mostrando que o tempo e o espaço não são fixos, mas sim uma "manifestação de um campo"—uma mudança de pensamento profunda.
- O mundo interconectado: A mecânica quântica (escala atômica) descreve a realidade não em termos de objetos isolados, mas de como as coisas se afetam e se "veem".
- A grande busca: Rovelli dedicou sua carreira a conciliar essas duas grandes teorias, trabalhando na teoria da gravidade quântica em loop.
Os mistérios do universo
- Física e significado: O sucesso de seu livro reside na união das ideias da física teórica com as "grandes questões" da existência humana.
- O Big Bounce (Grande Rebote): Ele apoia a ideia de que o Universo pode não ter nascido de um Big Bang (Grande Explosão), mas sim de um Big Bounce, um salto após um universo anterior ter se comprimido.
- Mistérios em camadas: Rovelli reconhece que, mesmo que se chegue à conclusão do Big Bounce, a pergunta fundamental sobre a origem do Universo apenas avançará um passo, revelando "outra colina" e um novo mistério a desvendar.
Uma visão cética e cautelosa sobre a IA
- IA superestimada: Rovelli é "direto": ele considera a Inteligência Artificial "extremamente superestimada" e, até o momento, "notavelmente pouco criativa" em comparação com a inteligência humana.
- Salto tecnológico: Ele usa o exemplo dos voos transatlânticos (que estagnaram em 8 horas após 50 anos) para argumentar que nem todo salto tecnológico é o "primeiro passo de um enorme crescimento" contínuo.
- Risco e regulamentação: Apesar do ceticismo, ele alerta que a IA será "muito poderosa" e precisa de regulamentação global e transparente, especialmente devido ao "enorme investimento" dos setores militares das superpotências.
Preocupações globais: Competição vs. Cooperação
Advertência histórica: O físico teme que o mundo esteja entrando no século 21 da mesma forma que no século 20: com "guerras enormes", fabricação de armas e demonização mútua, sintomas que levam a grandes conflitos.
- As "pequenas bolhas": Ele observa que as narrativas nos jornais das principais capitais do mundo são "surpreendentemente divergentes", indicando que as nações estão em suas próprias "pequenas bolhas de histórias", o que pode levar a um confronto maior.
- O perigo da loucura nuclear: Questiona a "loucura" da dissuasão nuclear e da destruição mútua. A humanidade, segundo ele, precisa de mais "inteligência natural" e de parar de "fazer coisas estúpidas como matar uns aos outros".
A luta essencial: A verdadeira luta global é entre colaboração e confronto.
- Esperança na juventude: Ele vê esperança nos jovens, que estão preocupados com a crise climática, os perigos nucleares e os problemas globais, e que defendem a ideia de que a humanidade é "uma tribo em todo o planeta".
Einstein como herói político
- O modelo do pacifista: Uma das razões pelas quais Einstein é seu herói é sua atitude política: em 1914, ele assinou um manifesto pacifista clamando pela unidade europeia e exigindo o fim imediato da Primeira Guerra Mundial.
- Um apelo aos intelectuais: Rovelli deseja que mais intelectuais de hoje tenham a coragem de se manifestar contra a narrativa predominante e dizer:
"Não devemos ser movidos pelo medo dos outros... mas devemos trabalhar juntos."
Em suma, Carlo Rovelli nos convida a transcender a ciência do sofá para o palco global. Ele vê a física de Einstein como um modelo de pensamento radical e a busca pela origem do universo como uma lição de humildade. Seu apelo mais urgente, contudo, é a defesa de uma "inteligência natural" coletiva: que a humanidade abandone a "loucura" da competição e da guerra para abraçar a cooperação, reconhecendo que a verdadeira revolução está na capacidade de vivermos juntos neste planeta.