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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025 às 11:52 GMT+0

Camundongos com "dois pais": A revolução da biotecnologia na reprodução assistida

Cientistas conseguiram criar camundongos sem mãe biológica, utilizando apenas material genético de dois machos. Essa descoberta, publicada em revistas científicas renomadas como Nature e Cell Stem Cell, abre caminho para avanços na biotecnologia e levanta questões éticas e técnicas sobre sua aplicação futura, inclusive em humanos.

Como isso foi possível?

A técnica foi desenvolvida por dois grupos de pesquisadores, um no Japão e outro na China. Ambos utilizaram abordagens distintas, mas com o mesmo objetivo: gerar óvulos a partir de células masculinas.

1. A transformação de células masculinas em femininas

O cientista japonês Katsuhiko Hayashi converteu células-tronco masculinas (XY) em femininas (XX), permitindo a criação de óvulos a partir dessas células.

  • O processo ocorre por meio da perda natural do cromossomo Y em algumas células-tronco.
  • Após essa perda, os cientistas duplicam o cromossomo X, criando células femininas funcionais.
  • Os óvulos gerados podem ser fertilizados com esperma de outro macho e implantados em uma fêmea para gestação.

Resultado: Camundongos nasceram com dois pais biológicos e cresceram normalmente, sendo férteis.

2. A edição genética para criar embriões sem mãe

Já a equipe chinesa liderada por Qi Zhou adotou um método diferente e mais complexo. Eles eliminaram um mecanismo biológico chamado imprinting genético, que impede a reprodução de mamíferos sem a contribuição de um gameta feminino.

  • Criaram células embrionárias haploides (com apenas metade do material genético, derivadas do esperma).
  • Editaram essas células com CRISPR, removendo os controles que impedem a ativação de genes essenciais.
  • Combinaram essas células com outro espermatozoide para criar um embrião.
  • Implantaram o embrião em uma fêmea para gestação.

Resultado: Camundongos nasceram saudáveis, mas não eram férteis e tinham altas taxas de mortalidade.

Os desafios e limitações

Apesar do avanço impressionante, a técnica ainda apresenta desafios significativos:

1. Baixa taxa de sobrevivência – Muitos embriões não chegam à fase adulta.
2. Infertilidade – Os camundongos gerados não conseguem se reproduzir naturalmente.
3. Riscos da edição genética – O uso de CRISPR pode causar mutações inesperadas e prejudicar a viabilidade do organismo.

E se essa técnica fosse aplicada em humanos?

Casais do mesmo sexo poderiam ter filhos biológicos

  • Um casal gay masculino poderia ter um filho sem precisar de um óvulo doado.
  • O mesmo valeria para casais lésbicos, criando espermatozoides a partir de células-tronco femininas.

Indivíduos poderiam ser os próprios pais de seus filhos

  • Homens poderiam gerar seus próprios óvulos a partir de células da pele e fertilizá-los com seu esperma.
  • Mulheres poderiam criar espermatozoides a partir de suas células e fertilizar seus próprios óvulos.

Questões éticas e legais

  • Essas técnicas são apenas teóricas para humanos e não podem ser aplicadas sem garantir segurança total.
  • Leis de diversos países proíbem manipulações genéticas que possam impactar a herança biológica de humanos.

Um passo para o futuro da reprodução?

  • O estudo marca um avanço revolucionário na biotecnologia e reprodução assistida. Embora a aplicação em humanos ainda seja distante, as descobertas podem trazer novas alternativas para tratamentos de infertilidade e permitir novas formas de reprodução no futuro.

Por enquanto, o debate ético e científico continua. Até onde a ciência deve ir na modificação genética? O futuro da reprodução pode estar mais próximo do que imaginamos.

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