Brasil pode substituir os EUA pela China no comércio exterior? Entenda os desafios e oportunidades
Em meio às tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o Brasil surge como um parceiro estratégico para Pequim. Com o recente "tarifaço" imposto pelo governo norte-americano, que elevou para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, especialistas discutem se a China pode se tornar uma alternativa viável para absorver parte das exportações antes destinadas aos EUA. O governo Lula e a China têm fortalecido laços, criando oportunidades comerciais em setores como agronegócio, energia e manufaturados.
Contexto do tarifaço e seu impacto no Brasil
Desde 6 de agosto de 2025, os EUA aplicam uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que afeta principalmente itens industrializados e de valor agregado. Essa decisão faz parte de uma guerra comercial mais ampla, liderada pelo presidente Donald Trump, que também elevou tarifas sobre produtos chineses para mais de 200% em alguns casos. Para o Brasil, isso representa um desafio, já que os EUA são um mercado importante para exportações de manufaturados.
A China como parceiro comercial estratégico
A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, mas a pauta de exportações é diferente: enquanto para os EUA o Brasil vende produtos industrializados, para a China o foco está em commodities (soja, minério de ferro, carne) e agronegócio. Especialistas como Thomas Law, presidente do Ibrachina, destacam que a China está diversificando suas importações, buscando parceiros confiáveis como o Brasil.
Exemplos de oportunidades recentes
- Café: A China liberou 183 empresas brasileiras para exportar café, refletindo o crescente consumo do produto no mercado chinês.
- Gergelim e farinha animal: O número de exportadores habilitados quase dobrou, mostrando abertura para novos produtos.
- Energia e tecnologia: Setores como combustível sustentável (SAF), semicondutores e energias renováveis são destaques nas negociações.
Desafios na reconversão das exportações
Alguns analistas ressaltam que redirecionar produtos industrializados dos EUA para a China não é tão simples, devido às diferenças na demanda e regulamentações. No entanto, o governo brasileiro e empresários estão buscando adaptar-se, participando de feiras internacionais (como a Canton Fair) e fortalecendo programas de apoio à exportação.
Investimentos chineses no Brasil
Além das exportações, a China tem aumentado seus investimentos no Brasil, especialmente em infraestrutura, serviços e energia renovável. Victor Queiroz, da ApexBrasil, destaca que esses investimentos podem gerar empregos e agregar valor à produção nacional, beneficiando ambos os países.
Como as empresas brasileiras podem se posicionar na China?
Especialistas dão dicas para quem quer explorar o mercado chinês:
- Conhecer o mercado: Entender a cultura local e praticar o "guanxi" (relações de confiança).
- Participar de feiras: Eventos como a Canton Fair são fundamentais para networking.
- Adequar-se às regras: Cumprir exigências sanitárias, traduzir rótulos corretamente e registrar marcas.
- Buscar apoio: Utilizar programas governamentais, como o Exporta Mais Brasil, e consultorias especializadas.
O tarifaço dos EUA representa um desafio, mas também uma oportunidade para o Brasil aprofundar sua parceria com a China. Embora haja diferenças na pauta exportadora, abertura para novos produtos e investimentos chineses no país sugerem um caminho promissor. No entanto, o sucesso dependerá de estratégias bem estruturadas, adaptação às demandas chinesas e diversificação de mercados. Como ressaltam os especialistas, o momento é de ação: empresários e governo precisam trabalhar juntos para transformar essa janela de oportunidade em resultados concretos.
