Como Trump tentou (e falhou) em romper a aliança Putin-Xi Jinping: Uma análise da estratégia e reviravolta geopolítica.

Desde o início de 2025, uma das estratégias mais debatidas na geopolítica internacional tem sido a tentativa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de romper a aliança entre Rússia e China. A avaliação mais recente sobre essa estratégia foi feita pelo coronel da reserva Leonardo Mattos, professor de Geopolítica na Escola de Guerra Naval, em entrevista à CNN. Ele explica como esse plano se revelou praticamente inviável diante da forte ligação entre os presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping.
Uma tentativa de redesenhar alianças globais
- O objetivo de Trump era reposicionar a Rússia no tabuleiro global, afastando-a da China e, assim, enfraquecer a crescente influência do bloco formado por Moscou e Pequim. No entanto, segundo Leonardo Mattos, essa aproximação entre Rússia e China é estratégica, profunda e baseada em interesses comuns, especialmente em temas como segurança, energia e oposição à hegemonia ocidental.
Mudanças de abordagem diante do fracasso do plano original
Com a constatação de que seria impossível quebrar esse elo entre Rússia e China, Trump teria ajustado sua estratégia. Entre os novos movimentos citados por Mattos estão:
- A assinatura de um acordo com a Ucrânia envolvendo minerais críticos, recurso essencial para indústrias tecnológicas e de defesa.
- A aprovação de um novo pacote de fornecimento de armas aos ucranianos.
Essas medidas indicam que Trump passou a adotar uma abordagem mais pragmática e indireta: fortalecer a Ucrânia como forma de pressionar a Rússia, e não mais tentando conquistar diretamente a confiança de Putin.
O uso das redes sociais como ferramenta de pressão
- Outro ponto destacado foi a tentativa de Trump de interferir na diplomacia internacional ao incentivar publicamente, por meio das redes sociais, a participação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em uma reunião em Istambul. Zelensky havia condicionado sua presença ao cumprimento de um cessar-fogo por parte da Rússia. Com essa pressão pública, Trump teria colocado Putin em uma posição desconfortável, atribuindo-lhe a responsabilidade pela falta de avanços na busca por paz.
Interesses divergentes entre Rússia e Ucrânia e apoio internacional
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Leonardo Mattos também frisou que os objetivos da Rússia e da Ucrânia no conflito seguem profundamente distintos. Enquanto Moscou pretende ampliar sua presença na frente leste, Kiev vê o cessar-fogo como uma oportunidade para reabastecer seus arsenais com o auxílio do Ocidente, principalmente dos Estados Unidos.
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O especialista destacou ainda que o apoio da Europa a Zelensky se mantém firme, o que adiciona mais tensão e profundidade ao cenário. Esse suporte não é apenas simbólico, mas se traduz em ajuda financeira, logística e armamentista, reforçando a resistência ucraniana diante da ofensiva russa.
A análise de Leonardo Mattos deixa claro que o plano de Trump de afastar a Rússia da China esbarrou em uma realidade geopolítica complexa e consolidada. A aliança entre Putin e Xi Jinping vai além de afinidades pessoais, sendo sustentada por interesses estratégicos amplos e duradouros. Ao perceber a inviabilidade de sua proposta inicial, Trump passou a adotar medidas indiretas para influenciar o conflito, fortalecendo a Ucrânia e pressionando politicamente a Rússia. O cenário atual, com múltiplos atores internacionais envolvidos, evidencia a dificuldade de alterar alianças globais estabelecidas e aponta que qualquer tentativa nesse sentido exige mais do que vontade política — exige mudança de interesses, algo que ainda parece distante.