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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024 às 10:15 GMT+0

Decreto de Lula sobre uso da força policial: Autonomia dos estados em risco ou passo para uma segurança mais consciente?

O decreto do governo federal que regulamenta o uso da força por agentes de segurança pública no Brasil gerou intensas críticas de governadores, parlamentares e especialistas. Publicado pelo Ministério da Justiça, o documento busca estabelecer diretrizes para ações policiais, com foco no uso proporcional e consciente da força. No entanto, sua implementação tem gerado debates sobre federalismo, segurança pública e autonomia estadual.

Principais pontos do decreto

Objetivo:

O decreto visa regulamentar a atuação policial em todo o território nacional, enfatizando o uso proporcional da força, com prioridade para comunicação e negociação. O uso de armas de fogo só deve ocorrer como último recurso, em situações de ameaça real ou potencial.

Competências do ministério da justiça:

  • Editar regras complementares.
  • Financiar ações relacionadas à atuação policial.
  • Monitorar e formular políticas de segurança pública.

Visão do governo:

Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, as medidas têm como meta uma atuação policial menos violenta, reduzindo a escalada de conflitos.

Críticas e repercussões

Governadores

  • Ronaldo Caiado (GO): Afirmou que o decreto favorece a criminalidade, engessa as forças policiais e representa uma chantagem explícita ao condicionar o acesso a fundos de segurança à adesão às diretrizes federais.
  • Ibaneis Rocha (DF): Considerou as medidas inconstitucionais, afirmando que violam o artigo 144 da Constituição, que delimita as atribuições das forças de segurança.

Parlamentares

  • Bancada da Bala: Deputados ligados às forças policiais criticaram a falta de diálogo na elaboração do decreto. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) acusou o governo de "criminalizar a atividade policial" e anunciou a intenção de derrubar o decreto via Projeto de Decreto Legislativo (PDL).

Questões constitucionais e autonomia estadual

O debate destaca o conflito entre a autonomia dos estados, responsáveis pela segurança pública, e a tentativa do governo federal de unificar diretrizes. Especialistas apontam que o decreto pode ser interpretado como uma interferência no pacto federativo, especialmente ao vincular recursos financeiros ao cumprimento das normas federais.

Impactos e implicações

  • Segurança pública: Críticos alertam para um possível enfraquecimento das ações policiais, o que poderia beneficiar organizações criminosas. Já defensores argumentam que a regulamentação busca proteger direitos humanos e evitar abusos.
  • Autonomia dos estados: A imposição de regras federais reacende o debate sobre a competência de estados versus governo central.
  • Legitimidade do decreto: A ausência de consulta pública ou diálogo com o Congresso Nacional pode gerar resistência política e jurídica.

O decreto sobre o uso da força policial coloca em evidência um embate complexo entre segurança pública, direitos humanos e a autonomia estadual no Brasil. Enquanto o governo busca estabelecer uma atuação policial mais consciente, as críticas destacam a necessidade de maior diálogo e respeito às competências estaduais. A controvérsia reflete desafios históricos do país em equilibrar centralização e descentralização, além de lidar com a violência e a criminalidade de maneira eficaz e ética.

A continuidade desse debate será crucial para definir os rumos da segurança pública brasileira nos próximos anos.

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