Eduardo Bolsonaro promete guerra contra Alexandre de Moraes: Sanções dos EUA, crise no STF e o futuro da democracia no Brasil

Em entrevista à BBC News Brasil em Washington, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou estar disposto a ir "às últimas consequências"
para remover o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes do poder. As declarações foram dadas durante sua visita aos Estados Unidos, onde se reuniu com autoridades do governo Trump para discutir possíveis novas sanções contra o Brasil. O contexto político brasileiro, marcado por tensões entre o Judiciário, o Legislativo e a oposição bolsonarista, ganha contornos internacionais com a pressão econômica e diplomática dos EUA.
Contexto e principais alegações
- Eduardo Bolsonaro classificou Alexandre de Moraes como "psicopata" e "criminoso", acusando-o de conduzir uma "ditadura" no Brasil.
- Ele vinculou a crise institucional brasileira à atuação do STF, especialmente às decisões de Moraes, como a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro e a investigação de supostos atos golpistas pós-eleitorais.
- O deputado justificou seu "exílio" nos EUA como uma resposta à "perseguição política" sofrida por ele, seu pai e aliados.
Sanções internacionais e pressão dos EUA
Eduardo destacou que o governo Trump tem "múltiplas ferramentas" para pressionar o Brasil, incluindo:
- Expansão da Lei Magnitsky (que pune violações de direitos humanos) para mais autoridades brasileiras.
- Restrições de vistos e tarifas comerciais, como os 50% já impostos a produtos brasileiros.
Ele citou como alvos em potencial os presidentes do Congresso, Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado), caso não apoiem a anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 ou o impeachment de Moraes.
Defesa da anistia e críticas ao STF
- Eduardo argumentou que a anistia é necessária para "restaurar a democracia", mas reconheceu que pesquisas (como do Datafolha) mostram que a maioria da população rejeita a medida. Ele desqualificou os dados, chamando-os de "manipulação".
- Acusou Moraes de agir como "mafioso" e citou suposta enriquecimento ilícito da esposa do ministro, Viviane Barci Moraes, como motivo para pedir sanções contra ela.
Impactos econômicos e posicionamento polêmico
Questionado sobre os efeitos das tarifas americanas (que podem custar 700 mil empregos no Brasil):
Eduardo afirmou que "a liberdade vale mais que a economia", defendendo que a população "sacrifique-se" para derrubar o "regime".
- Negou responsabilidade pelas sanções, culpando o governo Lula e o STF pela crise.
Futuro político e alianças
- Disse que Jair Bolsonaro deve ser o candidato da direita em 2026, mas que apoiará quem o pai endossar (como Tarcísio de Freitas).
- Criticou a postura "conciliadora" de Tarcísio, defendendo a "radicalização" como única forma de enfrentar Moraes.
Um conflito com ramificações internacionais
A entrevista revela a estratégia de Eduardo Bolsonaro de internacionalizar o conflito político brasileiro, buscando apoio dos EUA para deslegitimar o STF e pressionar por mudanças. Seu discurso radicalizado reflete a polarização no Brasil, mas também levanta questões éticas, como o custo social das sanções e a fragilização das instituições. Enquanto ele insiste em um "combate sem negociação", analistas alertam para os riscos de escalada autoritária de ambos os lados. O cenário permanece incerto, mas a influência americana e o julgamento de Jair Bolsonaro devem definir os próximos capítulos dessa crise.