"Podemos esperar qualquer coisa de Donald Trump", diz analista - O risco maior é brasileiros aplaudirem interferência

As relações entre Brasil e Estados Unidos enfrentam um período de intensa tensão, marcado por sanções econômicas e interferências políticas. José Eduardo Cardozo, analista político, examina as ações do governo norte-americano sob o comando de Donald Trump, criticando não apenas as medidas adotadas, mas também o apoio de parte da população brasileira a essas decisões.
As sanções e a interferência dos EUA nos assuntos internos do Brasil
Os Estados Unidos impuseram tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, ampliando o conflito comercial. Além disso, a embaixada norte-americana emitiu uma nota questionando a atuação do ministro do STF Alexandre de Moraes, acusando-o de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro. Cardozo descreve essas ações como "verdadeiras barbaridades" e uma intromissão inaceitável na soberania nacional.
O problema não é apenas Trump, mas o apoio de brasileiros às suas ações
Para Cardozo, a postura agressiva de Trump já era previsível, dado seu histórico de medidas autoritárias e desrespeito às instituições. O grande problema, em sua avaliação, reside no fato de que parte da sociedade brasileira apoia essas interferências, legitimando uma conduta que prejudica o país. Ele destaca a contradição de um governo que se diz defensor da liberdade de expressão, mas reprime manifestações pacíficas, como as pró-Palestina.
Trump e seu projeto geopolítico autoritário
O comentarista argumenta que Trump possui um "projeto geopolítico" claro, pautado pelo autoritarismo e pela ausência de freios institucionais. Ele questiona por que os EUA, mesmo sendo uma democracia consolidada, não conseguem conter os excessos de seu presidente. Uma possível explicação, segundo Cardozo, é que os norte-americanos nunca viveram sob uma ditadura, o que os tornaria menos preparados para conter um líder autocrata.
A fragilidade institucional dos EUA e a falta de mecanismos de contenção
Cardozo compara a realidade política dos EUA com a do Brasil, destacando que nações que enfrentaram regimes ditatoriais tendem a estabelecer regras mais rígidas para evitar abusos de poder. Nos Estados Unidos, a ausência de um passado autoritário faria com que não existissem mecanismos suficientes para limitar um presidente como Trump, que age com "total desapego democrático".
O que esperar do futuro das relações Brasil-EUA?
Diante desse cenário, Cardozo afirma ser possível esperar "qualquer coisa" de Donald Trump, desde novas sanções até medidas ainda mais agressivas. O desafio para o Brasil, portanto, não se resume a enfrentar as pressões externas, mas também a refletir sobre o apoio interno a políticas que comprometem a soberania nacional. A análise de Cardozo serve como um alerta sobre os riscos do autoritarismo e a importância de defender a democracia e a autonomia dos países, independentemente de pressões internacionais.