Por que Lula evita a prisão de Bolsonaro agora? Risco político, EUA e o jogo de poder no STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado, enfrenta medidas restritivas como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acessar redes sociais. Apesar de ser o principal adversário político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fontes próximas ao Planalto indicam que o governo não deseja sua prisão antes do julgamento final. Este resumo explora os motivos por trás dessa postura, baseando-se em análises de especialistas e declarações de membros do governo.
Contexto do caso Bolsonaro
Bolsonaro é acusado de atentar contra a democracia e está sob investigação do STF. O ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares, como a tornozeleira e a restrição digital, após alegações de que o ex-presidente influenciou o governo dos EUA a impor tarifas contra o Brasil. A defesa de Bolsonaro nega as acusações e alega perseguição política.
Por que o governo Lula evita apoiar a prisão antecipada?
1. Risco de fortalecer a narrativa de perseguição
- Bolsonaro e seus aliados afirmam que ele é vítima de um "lawfare" (uso político da Justiça). Uma prisão antes do julgamento poderia consolidar essa imagem, galvanizando sua base de apoio.
- Pesquisas como a da Quaest mostram que parte da população já vê o ex-presidente como alvo de injustiça. O governo prefere aguardar o rito processual completo para evitar críticas à legitimidade do processo.
2. Impacto nas relações com os EUA
- O presidente americano, Donald Trump, vinculou as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros ao tratamento dado a Bolsonaro, chamando-o de "caça às bruxas".
- Uma prisão precipitada poderia ser interpretada como provocação, dificultando as negociações comerciais em andamento. Sanções adicionais, como o cancelamento de vistos de autoridades brasileiras (como ocorreu com Moraes), são uma possibilidade.
3. Estratégia eleitoral e opinião pública
- O governo busca evitar polarização extrema. Segundo interlocutores, Lula orientou ministros a não comentarem o caso, focando em agendas econômicas e sociais.
- O eleitorado indeciso é o alvo: um julgamento transparente, sem aparência de parcialidade, seria mais eficaz para deslegitimar Bolsonaro politicamente do que uma prisão imediata.
Reações e cenários possíveis
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Defesa de Bolsonaro: Alega que as restrições são desproporcionais. Juristas como Thiago Bottino (FGV) criticam a proibição do uso de redes sociais por não estar prevista em lei.
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STF e Moraes: O ministro aguarda análise das respostas da defesa antes de decidir sobre a prisão. Se houver descumprimento das regras, a medida pode ser decretada.
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EUA: Especialistas como Brian Winter alertam que Trump pode retaliar com mais sanções se Bolsonaro for preso.
"Sem dúvida. Se isso acontecer, acho que o presidente Trump usará todas as ferramentas à sua disposição"
O governo Lula adota uma postura calculada para evitar crises políticas e diplomáticas.Prioriza o equilíbrio institucional, aguardando o julgamento formal do STF para que eventuais condenações tenham legitimidade perante a sociedade e a comunidade internacional. Enquanto isso, Bolsonaro tenta capitalizar sua imagem de "perseguido", tornando o caso um tabuleiro complexo onde cada movimento pode alterar o jogo de poder no Brasil e além-fronteiras.