Conteúdo verificado
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025 às 10:30 GMT+0

Quanto sua cidade gasta com você? Entenda os gastos públicos municipais

A gestão de recursos públicos em saúde e educação varia enormemente entre os municípios brasileiros. Embora a Constituição Federal determine investimentos mínimos nessas áreas, a aplicação desses recursos depende de fatores como o tamanho da cidade, fontes de receita e políticas públicas locais.

Por que algumas cidades gastam mais?

  • Cidades pequenas com maiores gastos per capita: Municípios com menos habitantes, como Borá (SP), gastam mais por pessoa em saúde e educação. Isso acontece porque o orçamento por habitante é proporcionalmente maior devido a repasses federais e estaduais.
  • Transferências governamentais: Pequenas cidades dependem de repasses, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que cobre até metade das receitas de localidades com menos de 10 mil habitantes. Esse sistema foi criado na década de 1960 e privilegia municípios menores.

Fontes extras de receita

  • Royalties de petróleo e mineração: Municípios como Maricá (RJ) utilizam receitas adicionais para ampliar os investimentos em saúde e educação. Maricá, por exemplo, gastou R$ 23,3 mil por habitante em 2023, graças aos royalties.
  • Impacto no investimento: Cidades com essas receitas conseguem direcionar mais recursos para programas variados, mas nem sempre isso resulta em maior qualidade nos serviços.

Qualidade X Quantidade de investimento

  • Eficácia nos gastos: O valor investido por habitante não é suficiente para avaliar a eficiência dos serviços. Municípios que recebem mais recursos frequentemente desperdiçam devido à má gestão.
  • Estudos internacionais: Relatórios da OCDE apontam que países que investiram mais em saúde e educação no passado alcançaram maior mobilidade social. Porém, o sucesso depende de como os recursos são aplicados, com foco nos grupos mais vulneráveis.

Emendas parlamentares reforçam a desigualdade?

As emendas parlamentares, destinadas por deputados federais e senadores, têm criado disparidades nos recursos destinados à saúde. Segundo Hisham Hamida, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), os recursos disponíveis atualmente não cobrem as despesas crescentes dos municípios.

  • Subfinanciamento crítico:"Há um subfinanciamento, onde tenho cada vez mais um aumento de despesas seja por incorporação de novas tecnologias, o aumento da expectativa de vida, tudo isso impacta na saúde", explica Hamida.
  • Critérios não técnicos: Em 2024, parlamentares empenharam mais de R$ 13 bilhões em emendas para a saúde, mas esses recursos são destinados com base em afinidades político-partidárias, não em critérios técnicos.
  • Impacto no sistema de saúde: Um estudo publicado no Cadernos de Saúde Pública analisou dados de 2015 a 2020 e revelou que as emendas criaram grandes discrepâncias entre municípios. Em alguns casos, cidades menores receberam até 16 vezes mais recursos per capita para Atenção Primária à Saúde (APS) do que grandes centros urbanos.

O estudo conclui que, em vez de reduzir desigualdades, as emendas tendem a aumentá-las, privilegiando municípios com maior influência política.

Desafios na educação e saúde

  • Educação: Os gastos com pessoal, como salários de professores, consomem até 90% do orçamento. A qualificação dos profissionais e a estrutura das redes de ensino influenciam diretamente nos custos.
  • Saúde: O aumento da expectativa de vida e a incorporação de novas tecnologias pressionam os orçamentos.

Pesquise o quanto seu munícipio gasta com você, acessando a reportagem completa: Quanto minha cidade gasta comigo em saúde?

Os gastos públicos nos municípios brasileiros refletem não apenas a riqueza local, mas também as falhas estruturais no sistema de distribuição de recursos. A inclusão de emendas parlamentares, embora tenha potencial de reforçar investimentos, acaba exacerbando desigualdades devido à ausência de critérios técnicos. Para melhorar a qualidade dos serviços, é fundamental buscar maior transparência, gestão eficiente e políticas públicas que atendam às reais necessidades de cada região.

Estão lendo agora

Os 10 mandamentos do crime: O código de conduta que rege as favelas do Comando Vermelho e que não mudam após a megaoperação do estadoO Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do Brasil, impõe um regime de regras estritas e punições sev...
Traição na tela: Os melhores filmes e séries sobre traição no catálogo do Prime VideoHistórias de amor são sempre populares, mas narrativas sobre traição despertam um fascínio único, combinando mistério, t...
Os melhores filmes de terror no Prime Video em 2025: Do clássico ao aterrorizanteO gênero de terror, muitas vezes negligenciado em premiações cinematográficas, possui uma legião de fãs ávidos por histó...
Quem é o "demiurgo"? O conceito de Platão que virou meme na internet e viralizou no TikTokO conceito milenar de "demiurgo" o artesão cósmico de Platão e o tirano gnóstico ressurge na era digital como um poderos...
Nariz entupido? 3 remédios caseiros comprovados para aliviar a congestão nasalO nariz entupido, ou congestão nasal, é um problema comum causado por inflamação dos vasos sanguíneos e tecidos nasais, ...
Saúde mental policial: O escudo da sociedade. Por que o apoio psicológico da polícia é a garantia para sua segurançaA segurança pública é um bem coletivo, e a figura do policial é o primeiro escudo protetor da sociedade. No entanto, neg...
Viagem no tempo: 8 perguntas para o seu Eu futuro - Moldando escolhas, desvendando mistériosImagine-se diante de um portal luminoso, capaz de transportá-lo para um encontro surpreendente: você, em um futuro dista...
Estudos revelam que caranguejos sentem dor quando cortados ou cozidos vivos: Reflexão sobre o consumo de animaisO consumo de animais tem sido parte da cultura humana por milênios, mas o modo como tratamos os seres vivos antes e dura...