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domingo, 20 de julho de 2025 às 11:24 GMT+0

Trump 2025: Como China, Canadá e México enfrentaram suas ameaças comerciais – Lições urgentes para o Brasil

As tensões comerciais e políticas entre os Estados Unidos e diversas nações servem de lição para o Brasil. Suas declarações já impactam as relações globais e o Brasil que havia sido poupado de tarifas severas, agora se vê potencialmente na mira de uma nova ofensiva americana, com discussões sobre possíveis tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e a abertura de investigações por "práticas comerciais desleais". Essa escalada, com base em padrões anteriores, ocorre em paralelo a manifestações públicas de Trump em defesa de figuras políticas brasileiras e críticas à Justiça, provocando reações firmes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou a interferência em assuntos internos.

Contudo, o Brasil não é o único país a enfrentar o impacto das políticas de Trump. China, Canadá e México já vivenciaram retaliações semelhantes durante seu primeiro mandato e agora se preparam para uma possível nova era de pressões. Cada país adotou estratégias distintas para responder às ameaças e manter sua soberania. A seguir, um panorama claro e detalhado de como essas nações reagiram, com os desdobramentos até o presente momento.

1. Canadá: Entre a firmeza e as concessões estratégicas

  • O Canadá foi um dos primeiros alvos das políticas comerciais de Trump durante seu primeiro mandato. A relação, historicamente próxima, foi abalada por tarifas sobre aço e alumínio, além de uma retórica dura sobre o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), renegociado como USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).
  • Naquele período, Trump chegou a acusar o Canadá de práticas comerciais desleais e de permitir o tráfico de fentanil para os EUA. O então primeiro-ministro, Justin Trudeau, inicialmente adotou uma postura de resistência, implementando tarifas recíprocas sobre produtos americanos. No entanto, a necessidade de preservar a relação econômica vital com os EUA levou a negociações e algumas concessões. Por exemplo, o Canadá colaborou no combate ao tráfico de fentanil e buscou resolver as disputas sobre as cotas de produtos lácteos, um ponto sensível para a agricultura americana.
  • Mais recentemente, no cenário atual de julho de 2025, a postura canadense continua a ser de pragmatismo. Diante da possibilidade de um retorno de Trump, o governo canadense, liderado por Justin Trudeau, tem enfatizado a importância de manter canais de comunicação abertos e de proteger seus interesses econômicos. O Canadá sabe que, embora possa adotar uma resistência simbólica, sua economia está intrinsecamente ligada à dos EUA, e concessões pontuais podem ser necessárias para evitar rupturas maiores. A experiência passada demonstrou que, apesar da retórica, a negociação e a busca por pontos de convergência são cruciais.

O Canadá serve como um exemplo de país que equilibra a resistência política com a flexibilidade pragmática em questões econômicas estratégicas. Sua experiência sugere que, embora a soberania seja inegociável, a diplomacia e a busca por acordos podem mitigar os impactos das pressões comerciais.

2. México: A diplomacia pragmática como escudo

  • O México, vizinho direto dos EUA, sempre foi um ponto central na retórica de Trump, com promessas de construção de um muro na fronteira e ameaças constantes de tarifas relacionadas à imigração ilegal e ao tráfico de drogas. Durante o primeiro mandato de Trump, o México enfrentou sérias ameaças de tarifas sobre todas as suas exportações, caso não controlasse o fluxo migratório e de narcóticos.
  • A resposta do México, sob a liderança do então presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), foi marcadamente diplomática e pragmática. Em vez de uma retaliação direta, o governo mexicano intensificou as ações de controle de fronteiras e de combate ao tráfico de fentanil. Essa postura rendeu ao México elogios de Trump em certos momentos, que reconheceu os esforços do país. A renegociação do NAFTA para o USMCA também foi um ponto crucial, no qual o México buscou ativamente um acordo para evitar o colapso do comércio regional.
  • No cenário atual de julho de 2025, a presidente Claudia Sheinbaum (que assumiu o cargo em 1º de outubro de 2024) segue uma linha de continuidade pragmática. Consciente da enorme interdependência econômica com os EUA, o México tem priorizado o diálogo constante e a cooperação em temas sensíveis para a agenda americana, como imigração e segurança. As ameaças tarifárias, embora possam ressurgir com força total caso Trump retorne à Casa Branca, são constantemente gerenciadas por meio de negociações e ações práticas que demonstram o compromisso mexicano em ser um parceiro confiável, mesmo sob pressão.

O México demonstra que uma postura de cooperação prática aliada à diplomacia ativa pode ser eficaz na gestão de crises com os EUA. Essa abordagem, que prioriza a estabilidade econômica e a segurança nacional, tem sido fundamental para mitigar os impactos das políticas protecionistas.

3. China: A resposta direta em uma disputa global estratégica

  • Entre todos os países confrontados por Trump, a China foi o que mais respondeu de forma direta e agressiva, culminando em uma verdadeira guerra comercial que impactou as cadeias de suprimentos globais. Durante o primeiro mandato de Trump, os EUA impuseram tarifas massivas sobre bilhões de dólares em produtos chineses, citando práticas comerciais desleais e roubo de propriedade intelectual. A China respondeu com tarifas equivalentes, resultando em um ciclo de retaliações mútuas que abalou o comércio internacional.
  • Apesar de um "cessar-fogo" pontual e acordos de "Fase Um" para reduzir as tensões, as tarifas nunca foram totalmente removidas, e a competição econômica e tecnológica entre as duas maiores economias do mundo permanece intensa. A China, sob a liderança de Xi Jinping, demonstrou uma capacidade de resposta robusta, buscando diversificar suas cadeias de suprimentos, fortalecer seu mercado interno e investir pesadamente em tecnologia para reduzir a dependência externa.
  • Em julho de 2025, a dinâmica entre EUA e China continua sendo de competição estratégica. Independentemente de quem esteja na Casa Branca, as tensões sobre comércio, tecnologia (especialmente semicondutores e inteligência artificial), e geopolítica (Taiwan e Mar do Sul da China) persistem. A China continua a defender seus interesses de forma enérgica, pronta para retaliar qualquer medida percebida como prejudicial. A resiliência de sua economia, que apesar dos desafios mantém um crescimento significativo, é um fator chave em sua capacidade de resposta.

A disputa entre China e EUA é a mais relevante em termos de economia global e geopolítica. A China demonstra uma capacidade de embate direto e resiliência econômica, com foco estratégico no desenvolvimento tecnológico e na redução de vulnerabilidades. Suas ações impactam o mundo todo.

Diferentes caminhos frente ao mesmo desafio

As reações de China, Canadá e México às políticas de Donald Trump revelam três posturas distintas diante de um mesmo desafio:

  • O Canadá optou por uma combinação de resistência política simbólica e concessões pragmáticas em áreas estratégicas para preservar a relação econômica vital.
  • O México apostou na diplomacia e na cooperação prática para mitigar as ameaças e garantir a estabilidade das relações.
  • A China escolheu o embate direto e a retaliação recíproca, firmando sua posição como uma potência global capaz de defender seus interesses de forma agressiva.

Para o Brasil, que agora também se vê potencialmente como alvo de investigações e tarifas, essas experiências internacionais oferecem lições claras: a política de Donald Trump é marcada pela imprevisibilidade e pela busca por vantagens em negociações bilaterais. Nem concessões imediatas nem retóricas excessivamente duras garantem estabilidade duradoura. A única certeza é que cada país terá de defender sua soberania com equilíbrio e inteligência estratégica, sem abrir mão de seus interesses nacionais e com atenção constante às complexas movimentações globais.

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