Trump e a "lei do mais forte" : O alerta geopolítico de Matias Spektor(FGV) para o Brasil e o mundo

A estratégia de poder de Donald Trump, analisada por Matias Spektor, se baseia na "lei do mais forte", com implicações globais que inevitavelmente afetam o Brasil.
A abordagem de Trump, focada em confronto e protecionismo, cria um ambiente mais imprevisível para nações como o Brasil, que dependem do comércio exterior. A seguir, veja os pilares que, segundo Spektor, sustentam o modelo de poder de Trump e o caminho para o Brasil dentro desse cenário.
O caminho para o Brasil na estratégia externa de Trump
A política externa de Trump, baseada na redefinição de alianças e relações econômicas, força países como o Brasil a recalibrar suas próprias estratégias diplomáticas e comerciais.
- Confronto com a China: A principal meta de Trump é promover um "decoupling" entre as economias dos Estados Unidos e da China. Para o Brasil, essa disputa exige uma posição cuidadosa. O país, que tem a China como seu maior parceiro comercial, precisa equilibrar sua relação com ambos os gigantes, evitando tomar partido de forma abrupta. A estratégia ideal seria diversificar parceiros comerciais e fortalecer laços regionais.
- Pressão sobre aliados tradicionais: A tática de Trump, que pressiona seus próprios aliados, sugere que o Brasil também estaria sujeito a demandas unilaterais. Em vez de uma cooperação baseada em acordos multilaterais, o Brasil precisaria se preparar para negociações bilaterais e sob coação.
- Negociação agressiva: A filosofia de "bater a porta" de Trump significa que o Brasil deve fortalecer sua posição de negociação. A dependência excessiva de um único mercado ou tecnologia pode ser usada como alavanca contra o país. A solução seria investir em tecnologia nacional e diversificar as fontes de suprimento para manter a autonomia.
O caminho para o Brasil na estratégia doméstica de Trump
Embora a estratégia de Trump seja focada no âmbito interno dos EUA, a ruptura de normas democráticas pode ter um efeito cascata em outras nações, incluindo o Brasil.
- Alerta democrático: O caso dos EUA serve como um lembrete para o Brasil sobre a fragilidade das instituições democráticas diante de líderes dispostos a subvertê-las. A observação da política americana pode ajudar o Brasil a identificar e se proteger de ameaças semelhantes a suas próprias instituições democráticas, como a imprensa e a academia.
- Impacto na ordem global: A "lei do mais forte" fomenta um ambiente internacional mais volátil, onde a cooperação multilateral é substituída pela coerção. Isso reforça a necessidade do Brasil de apoiar e fortalecer instituições multilaterais, como a ONU e a OMC, que são fundamentais para países em desenvolvimento negociarem em pé de igualdade.
A análise de Spektor mostra que a administração Trump, com sua doutrina de poder puro e sem inibições, exige que o Brasil adote uma postura estratégica, fortalecendo sua autonomia, diversificando parcerias e protegendo suas próprias instituições democráticas em um cenário global cada vez mais imprevisível.