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quarta-feira, 9 de julho de 2025 às 10:25 GMT+0

Canabigerol (CBG): O canabinoide esquecido que pode revolucionar o tratamento da dor crônica

A dor crônica afeta aproximadamente 30% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar dos avanços da medicina, muitos pacientes ainda enfrentam desafios com tratamentos limitados, como os opioides, que podem causar dependência e efeitos colaterais graves. Diante disso, pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) investigam o canabigerol (CBG), um canabinoide não psicoativo da Cannabis sativa, como uma alternativa inovadora e segura para o alívio da dor.

O que é o CBG e por que ele é promissor?

O CBG é um fitocanabinoide menos conhecido que o THC (responsável pelos efeitos psicoativos) e o CBD (famoso por suas propriedades terapêuticas). Considerado o "precursor químico" dos outros canabinoides, o CBG não causa "barato", mas estudos preliminares sugerem que ele possui propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. Sua capacidade de interagir com o sistema endocanabinoide — que regula funções como dor, inflamação e sono — o torna um candidato valioso para pesquisas médicas.

Estudos experimentais e resultados chave

A equipe da UERJ, liderada pelos pesquisadores Guilherme Carneiro Montes e Bismarck Rezende, testou o CBG em roedores com sensibilidade aumentada à dor devido a hipóxia-isquemia pré-natal. Os experimentos incluíram três modelos de dor:

  • Dor aguda (Placa Quente): O CBG aumentou o tempo de reação dos animais ao calor, indicando efeito analgésico no Sistema Nervoso Central.
  • Dor inflamatória (Teste da Formulina): O composto reduziu significativamente a dor nas fases neurogênica e inflamatória.
  • Dor neuropática crônica: O CBG diminuiu a sensibilidade dolorosa após 10 dias de tratamento, mostrando potencial para condições como neuropatia diabética.

Vantagens do CBG sobre outros analgésicos

  • Sem prejuízo motor: Diferente de alguns opioides, o CBG não afetou a locomoção dos animais em testes de campo aberto.
  • Mecanismos de ação diferenciados: O CBG modulou marcadores inflamatórios (como TNF-α em machos) e proteínas envolvidas na condução da dor (como Nav1.7 em fêmeas), revelando possíveis diferenças sexuais na resposta ao tratamento.

Desafios e próximos passos

Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores destacam que:

  • São necessários estudos clínicos em humanos para confirmar eficácia, dosagem e segurança.
  • As diferenças entre sexos precisam ser melhor investigadas, possivelmente relacionadas a hormônios como o estrogênio.
  • O Brasil, em discussão sobre a regulamentação da cannabis, deve basear suas políticas em evidências científicas robustas.

Um futuro mais esperançoso para o tratamento da dor

O CBG emerge como uma opção terapêutica promissora, especialmente para dores crônicas e neuropáticas, com vantagens como a ausência de efeitos psicoativos e menor risco de dependência. Embora mais pesquisas sejam necessárias, esse estudo da UERJ abre caminho para tratamentos mais seguros e personalizados, reforçando a importância do investimento em ciência e na exploração responsável dos compostos da cannabis.

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