O que acontece no corpo antes da morte? Sinais, processos biológicos e como lidar com o fim da vida

A morte é uma certeza universal, mas pouco se fala sobre os processos físicos e emocionais que ocorrem no fim da vida. Entender os sinais da chamada "fase ativa da morte", período que antecede o óbito, pode trazer conforto e preparar familiares e cuidadores para um momento mais tranquilo e significativo. Baseado em especialistas em cuidados paliativos, como a médica Ana Claudia Quintana Arantes e o médico Arthur Fernandes, este resumo detalha as transformações do corpo e da mente nessa etapa final.
A terra: O desligar do físico
O primeiro estágio da morte ativa é marcado pelo cansaço extremo e pela perda gradual das funções corporais, simbolizado pelo elemento terra.
- Sonolência intensa, dificuldade de movimento, pele pálida e azulada (especialmente nas extremidades) e diminuição do metabolismo.
- O sistema digestivo desacelera, reduzindo a fome, a sede e a necessidade de ir ao banheiro.
- Apesar da inconsciência intermitente, a audição e o tato podem permanecer ativos. Tocar suavemente e conversar com a pessoa traz conforto emocional.
A água: A secura e o ressecamento
O segundo estágio reflete a perda de fluidos corporais, representado pelo elemento água.
- Boca e lábios ressecados, olhos sem brilho (requerendo colírios) e pele áspera.
- Hidratação intravenosa geralmente não é necessária, mas cuidados paliativos — como umedecer os lábios com algodão — aliviam o desconforto.
- Medidas simples, como hidratantes e compressas, melhoram o bem-estar sem intervenções médicas invasivas.
O fogo: A "melhora da morte"
Uma fase surpreendente, simbolizada pelo fogo, em que há uma breve melhora dos sintomas.
- Retorno temporário da consciência, aumento do apetite e comunicação mais clara.
- Essa "luz final" não indica recuperação, mas uma oportunidade para despedidas emocionais.
- É um momento crucial para expressar amor, perdão ou reconciliações, evitando exames ou tratamentos desnecessários que possam atrapalhar esse tempo precioso.
O ar: A respiração final
O último estágio, ligado ao elemento ar, envolve mudanças na respiração e no ritmo cardíaco.
- Respiração irregular, ruidosa (devido ao acúmulo de fluidos na garganta) e pausas prolongadas entre as respirações.
- O barulho não necessariamente indica sofrimento. Aspirações ou medicamentos podem ser usados para alívio.
- Assim como o primeiro ato ao nascer é inspirar, o último é expirar. Esse momento deve ser respeitado com silêncio e presença, sem pressa para intervenções médicas.
A morte como parte da vida
A fase ativa da morte é um processo natural que pode ser enfrentado com dignidade quando compreendido. Especialistas destacam que:
- Cuidados paliativos são essenciais para aliviar sintomas e garantir conforto.
- Conversas sobre a morte em vida ajudam a reduzir o medo e a preparar familiares.
- A morte não é o oposto da vida, mas do nascimento. Valorizar cada momento até o último suspiro transforma o fim em uma experiência mais humana e menos temida.
Como afirma Ana Claudia Arantes: "A morte é um dia que vale a pena viver"
Um convite para encararmos o fim não com terror, mas com a mesma reverência que dedicamos ao começo da existência.