Aceleração de acordos: Reino Unido convoca Brasil para negociações de livre-comércio - Veja os benefícios mútuos

O Reino Unido está determinado a construir uma nova e sólida parceria comercial com o Mercosul. Em uma entrevista exclusiva à CNN, o ministro do Comércio britânico, Sir Chris Bryant, deixou claro que um acordo de livre-comércio com o bloco sul-americano é uma prioridade, mas que a velocidade da negociação depende de uma resposta recíproca, especialmente do Brasil, considerado o ator-chave da região.
O chamado direto do Reino Unido
A fala de Sir Chris Bryant foi mais do que um discurso diplomático. Foi um apelo direto ao Brasil:
"Eu adoraria ver um forte acordo de livre-comércio entre Mercosul e Reino Unido". Ele usou a longa negociação de 25 anos entre o Mercosul e a União Europeia como um alerta, expressando urgência: "Não quero que isso demore 25 anos".
Fatores que aceleram as negociações
O momento é favorável para as negociações por alguns motivos:
- Acordos prontos para uso: O Mercosul já tem acordos recentes, como o tratado com a EFTA (Associação Europeia de Livre-Comércio). A existência desses textos serve como uma base sólida, permitindo que a nova negociação seja mais rápida, já que muitas cláusulas podem ser adaptadas.
- Aparência global e geopolítica: Para o Reino Unido, o acordo não é apenas comercial. É estratégico. Bryant ressaltou a liderança do Brasil na América Latina e sua importância no bloco BRICS, indicando que uma parceria com o Mercosul fortaleceria a posição britânica no cenário global, criando uma conexão com economias em ascensão.
- Benefícios econômicos para ambos: O comércio atual entre Brasil e Reino Unido é de
US$ 6,2 bilhões
, considerado abaixo do potencial. Um acordo eliminaria ou reduziria barreiras comerciais, tornando produtos mais competitivos. O agronegócio brasileiro (soja, café, proteínas) é um dos focos de interesse do Reino Unido, enquanto o Brasil se beneficiaria com acesso mais fácil a medicamentos, tecnologia e bebidas britânicas.
Mais do que uma reação a políticas de terceiros
Sir Chris Bryant foi enfático ao afirmar que o acordo não é apenas uma reação às altas tarifas impostas pelos Estados Unidos. A motivação é a crença de que um maior comércio entre as duas economias é benéfico por si só. "Seria bom para as nossas duas economias se fizéssemos mais comércio", resumiu o ministro, reforçando a visão de um defensor do livre-comércio.
Os próximos passos
A "bola" está agora com o Mercosul, especialmente o Brasil. Embora o ideal seja um acordo com o bloco todo, Sir Bryant mencionou que um tratado bilateral com o Brasil não está fora de cogitação se o caminho multilateral se mostrar inviável. Além disso, o ministro mostrou interesse em uma cooperação de longo prazo com o Brasil para fortalecer a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Uma oportunidade estratégica
A declaração do ministro britânico é mais do que um interesse comercial; é um convite para uma parceria estratégica e moderna. A combinação de urgência, base técnica facilitada por acordos já existentes e a visão geopolítica compartilhada cria um ambiente promissor para as negociações. Se o Brasil responder de forma clara e positiva, uma das parcerias econômicas mais significativas do pós-Brexit poderá se concretizar, gerando benefícios para as duas economias e para a estabilidade do comércio global.