Aviso de Trump: Tarifa de 50% no aço e alumínio entra em vigor na Quarta - O que muda para o Brasil?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na sexta-feira, 30 de maio de 2025, por meio da rede social Truth Social, que as tarifas sobre aço e alumínio importados dobrarão de 25% para 50%
a partir da próxima quarta-feira, 4 de junho. A decisão foi antecipada durante uma visita à usina da US Steel, na Pensilvânia, onde Trump classificou a medida como um "anúncio importante" voltado à proteção da indústria americana.
Importâncias e relevâncias do anúncio
- Dobro da tarifa atual: O aumento das tarifas representa um endurecimento substancial na política comercial dos EUA com impacto direto sobre exportadores estrangeiros. A justificativa, segundo Trump, é fortalecer a recuperação das indústrias de aço e alumínio nos Estados Unidos e impedir que empresas estrangeiras contornem as tarifas, como ele mesmo afirmou ao citar que:
"com 25% eles conseguem passar por cima. Com 50%, ninguém vai passar por cima".
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Consequências diretas para o Brasil: O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço e ferro aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. Em 2024, os EUA importaram cerca de
US$ 4,677 bilhões (aproximadamente R$ 27 bilhões)
em produtos brasileiros do setor. O volume exportado pelo Brasil equivaleu a 14,9% de todo o aço e ferro que os norte-americanos compraram no ano. -
Dependência comercial: Dos produtos de aço e ferro brasileiros exportados em 2024, quase metade (47,9%) teve como destino os Estados Unidos. Isso significa que a nova tarifa poderá atingir fortemente o setor siderúrgico nacional, podendo causar perdas significativas para a balança comercial brasileira e pressionar empresas exportadoras a buscarem novos mercados ou a renegociar contratos.
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Tensões no mercado financeiro global: A medida já acendeu alertas em Wall Street, que teme uma reação global contrária ao protecionismo americano. Há receio de que países afetados, como o Brasil, México, Coreia do Sul, Alemanha e outros grandes exportadores, possam retaliar ou buscar acordos bilaterais alternativos. Essa instabilidade pode diminuir a atratividade dos ativos dos EUA no mercado internacional.
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Contexto eleitoral e populismo econômico: A decisão de Trump ocorre em meio a movimentações políticas que visam as eleições presidenciais de 2026. A retórica de "fazer a América grande novamente" tem forte apelo junto aos trabalhadores da indústria, especialmente em estados industriais como a Pensilvânia. A medida pode ser interpretada como uma tentativa de reforçar sua base eleitoral com políticas protecionistas e nacionalistas.
“É uma grande honra para mim aumentar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, a partir de quarta-feira. Nossas indústrias de aço e alumínio estão se recuperando como nunca. Esta será mais uma GRANDE notícia para nossos maravilhosos trabalhadores do setor. FAÇAM A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!”
Donald Trump, presidente dos EUA, em post na rede social Truth Social
Próximos passos:
- O aumento das tarifas americanas sobre o aço e o alumínio para 50% é uma medida de grande impacto, tanto para a economia interna dos Estados Unidos quanto para seus principais parceiros comerciais, especialmente o Brasil. Além de gerar incertezas no mercado global e pressões sobre cadeias produtivas, a decisão sinaliza o retorno de uma postura protecionista com motivações econômicas e eleitorais. Para o Brasil, o desafio será administrar os impactos nas exportações e no setor siderúrgico, enquanto busca alternativas comerciais diante de uma relação bilateral mais tensa.
Acompanhamentos futuros devem considerar possíveis reações da Organização Mundial do Comércio (OMC), negociações diplomáticas bilaterais e o comportamento do mercado diante dessa escalada de barreiras comerciais. É essencial que o Brasil esteja preparado para defender seus interesses econômicos e industriais com firmeza e estratégia.