Escala 6x1 e flexibilidade: As 9 "tribos" do Brasil - Quem são os eleitores que decidirão a próxima eleição?
Segundo o cientista político Felipe Nunes, o cansaço da população será o grande motor das próximas eleições. A discussão não será apenas ideológica, mas sobre a qualidade de vida cotidiana.
2026: O debate central sobre o trabalho
- A pauta da exaustão: O brasileiro sente que trabalha demais e ganha pouco. A flexibilização da jornada e o fim da escala 6x1 surgem como temas imbatíveis para atrair o eleitorado.
- O equilíbrio desejado: Existe uma demanda por conciliar a proteção social (garantias da CLT) com a flexibilidade (necessidade de mais tempo ou de outras fontes de renda).
- Diferença de gênero: Para as mulheres, a flexibilidade é vital para gerir o acúmulo de tarefas (casa e trabalho). Para os homens, o foco costuma ser a oportunidade de buscar rendas extras.
O raio-X das 9 tribos brasileiras
A pesquisa identifica que o Brasil não está apenas dividido em dois, mas fragmentado em grupos com valores específicos. Entender essas bolhas é a chave para qualquer candidato em 2026.
Os grandes blocos
1. Conservadores cristãos (27%): O maior grupo do país. Valorizam a religião e a família tradicional; são a base principal da direita.
2. Dependentes do Estado (23%): Classes D e E que dependem de auxílios governamentais para a subsistência básica.
3. O agro (13%): Um grupo com identidade cultural forte (estilo de vida, consumo e valores tradicionais), independentemente do tamanho da propriedade.
Grupos de influência e mudança
4. Progressistas (11%): Focados em pautas sociais, minorias e meio ambiente.
5. Militantes de esquerda (7%): Grupo altamente engajado e ideológico.
6. Empresários (6%): Focados na pauta econômica e produtiva.
7. Liberais sociais (5%): Votavam historicamente contra o PT, mas migraram para Lula em 2022. São o "fiel da balança".
8. Empreendedores individuais (5%): Jovens de origem humilde que não acreditam mais no Estado como solução e buscam o sucesso pelo esforço próprio.
9. Extrema direita (3%): Grupo pequeno, mas com convicções intensas e preferência por regimes autoritários.
O que une o Brasil?
Apesar da polarização, existem valores transversais que conectam quase todos os perfis:
- Fé inabalável: O brasileiro, independente da vertente religiosa, é profundamente movido pela crença em Deus.
- Família pelo afeto: A definição de família evoluiu. Hoje, o brasileiro valoriza o laço afetivo e o amor acima do laço sanguíneo.
- Segurança punitivista: Há um desejo por punições mais severas contra o crime, mas a maioria não é armamentista; espera-se que o Estado proveja essa ordem.
Desafios e "gatilhos" eleitorais
Felipe Nunes aponta fatores críticos que podem definir o sucesso ou fracasso do atual governo e de futuros candidatos:
O "termômetro" do supermercado
- A inflação de alimentos é o principal indicador de humor do eleitor. Se o preço da comida sobe, o sentimento de insatisfação com o governo torna-se imediato.
O fenômeno do outsider
- O cansaço com o sistema político tradicional abre portas para figuras como Pablo Marçal. Esse eleitor busca a "meritocracia individual" e se sente atraído por discursos de prosperidade pessoal fora das instituições.
A ilusão do conhecimento
- Um dado alarmante da pesquisa: 42% dos brasileiros não acertaram perguntas básicas sobre fatos atuais, mas 70% acreditam que sabem mais do que realmente sabem. Isso alimenta conflitos e dificulta o debate baseado em dados reais.
Insegurança e voto
Se o eleitor chegar a 2026 sentindo medo (violência pública), a tendência é votar contra o governo vigente (Lula), buscando uma postura de "mão de ferro", mesmo que esse eleitor tenha valores progressistas em outras áreas.
