Índia x Paquistão: A guerra nuclear é iminente? Entenda a crise na Caxemira e os riscos globais

A recente escalada de conflitos entre Índia e Paquistão, envolvendo ataques aéreos e troca de acusações na região da Caxemira, colocou o mundo em alerta. Com ambos os países possuindo arsenais nucleares e um histórico de tensões, a situação atual é considerada uma das mais perigosas das últimas décadas. Natasha Lindstaedt, professora da Universidade de Essex, analisa as causas, os riscos e os possíveis desdobramentos desse conflito.
O estopim do Conflito Recente
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Ataque terrorista na Caxemira: Duas semanas antes dos ataques aéreos indianos, um ataque atribuído ao grupo Frente de Resistência (TRF), ligado ao Lashkar-e-Taiba (baseado no Paquistão), matou 26 pessoas. A Índia acusa o Paquistão de apoiar indiretamente o grupo, o que o governo paquistanês nega.
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Retaliação indiana: A Índia lançou operações militares contra alvos no Paquistão e na Caxemira administrada por Islamabad, alegando atingir "infraestrutura terrorista". O Paquistão afirma que os ataques vitimaram civis.
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Resposta paquistanesa: O Paquistão retaliou com bombardeios no lado indiano da Caxemira, aumentando o risco de uma guerra em larga escala.
A importância estratégica da Caxemira
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Histórico de disputas: Desde a independência da Índia e do Paquistão em 1947, a Caxemira, região de maioria muçulmana, é alvo de conflitos. A divisão atual segue a Linha de Controle, estabelecida após a guerra de 1947-1949.
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Riquezas naturais: A região é rica em recursos como lítio, mármore e grafite, além de ter importância geopolítica e cultural para ambos os países.
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Conflitos anteriores: Guerras em 1965 e 1999, além de crises recentes (como os ataques de 2016 e 2019), mostram que a Caxemira é um barril de pólvora.
O perigo nuclear
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Armas nucleares: Índia (180 ogivas) e Paquistão (170 ogivas) têm capacidades nucleares. A Índia adota a política de "não usar primeiro", enquanto o Paquistão não descarta o uso inicial, especialmente contra forças convencionais superiores.
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Risco catastrófico: Um conflito nuclear limitado poderia matar até 20 milhões de pessoas em dias, com efeitos globais devastadores.
Fatores políticos que agravam a crise
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Índia: O primeiro-ministro Narendra Modi, cuja popularidade está em queda, pode usar o conflito para consolidar apoio interno. O país tem se tornado mais autocrático, aumentando o risco de decisões agressivas.
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Paquistão: Seu exército, que historicamente domina a política de segurança, pode buscar uma resposta forte para justificar seu orçamento militar e manter legitimidade interna.
A falta de mecanismos de contenção
- Diplomacia frágil: Não há diálogo bilateral ou mecanismos de gerenciamento de crises entre os dois países.
- Papel reduzido dos EUA: A falta de mediação efetiva por parte de Washington, especialmente após a era Trump, dificulta a desescalada.
Um cenário alarmante
A combinação de nacionalismo, disputas históricas, armas nucleares e instabilidade política torna o conflito entre Índia e Paquistão uma das crises mais perigosas do mundo. Enquanto no passado a diplomacia e o medo de uma guerra nuclear contiveram a escalada, a atual falta de canais de diálogo e os interesses políticos internos aumentam o risco de um desastre. A comunidade internacional, incluindo potências como Reino Unido e Rússia, já manifestou preocupação, mas a solução depende da capacidade de ambos os países de evitar que o conflito saia do controle.