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sexta-feira, 7 de novembro de 2025 às 10:35 GMT+0

STF decide prisão de Bolsonaro: Entenda os próximos passos e quando a pena pode começar

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, em 7 de novembro, um julgamento de grande expectativa: a análise do recurso do ex-presidente Jair Bolsonaro contra sua condenação a 27 anos e três meses de prisão por crimes relacionados a uma tentativa de golpe de Estado.

Essa decisão, a cargo da Primeira Turma da Corte, é um marco no processo que definirá o início efetivo do cumprimento da pena. A seguir, detalhamos os pontos-chave, os argumentos em jogo e os possíveis próximos passos.

O foco do julgamento: Os "embargos de declaração"

O recurso que está sendo analisado é chamado de "Embargos de Declaração". É um instrumento técnico do direito processual com uma função bem específica:

1. Finalidade legal: Pedir esclarecimentos, corrigir omissões ou apontar contradições em uma decisão judicial já proferida.
2.** Limitação:** Em tese, este recurso não permite à defesa rediscutir o mérito do caso, ou seja, não serve para tentar mudar o resultado do julgamento.
3. Estratégia da defesa: A peça recursal da defesa tem 85 páginas, o que é visto por especialistas como um indício de que a estratégia é tentar ir além do propósito legal dos embargos, buscando uma reanálise do caso.

Os argumentos centrais da defesa

No novo recurso, a defesa de Bolsonaro reitera argumentos já apresentados, buscando invalidar a condenação:

  • Ausência de provas diretas: Alega que não existem evidências concretas que liguem o ex-presidente aos ataques de 8 de janeiro de 2023, uma vez que ele não estava no Brasil na data dos fatos.
  • Negação de comando: Sustenta que os atos dos invasores (já condenados por terem a "vontade consciente de cometer o crime", ou seja, "dolo direto") não podem ser imputados a Bolsonaro.
  • Questionamento do "plano punhal": Nega a existência de provas de que o ex-presidente tenha recebido ou validado o suposto plano que previa assassinatos de autoridades.
  • Alegação de ilegalidade: Contesta a validade do acordo de colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, afirmando que a delação premiada teria sido realizada sob coação.
  • Cerceamento de defesa: Argumenta que a equipe jurídica não teve tempo hábil para analisar todo o volume de provas apresentadas pela acusação.

Cenários possíveis para a decisão da primeira turma

A maioria dos juristas consultados aponta para uma tendência de rejeição do recurso pela Primeira Turma. Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin tendem a votar contra a defesa. O ministro Luiz Fux não participa desta etapa.

A partir da provável rejeição, há dois caminhos principais:

1. Possibilidade de prisão imediata:

  • Especialistas consideram que a Corte pode classificar o recurso como "protelatório" (apenas para ganhar tempo).
  • Neste caso, para coibir o abuso do direito de recorrer, os ministros poderiam decretar o início imediato do cumprimento da pena, independentemente da apresentação de novos recursos.

2. Aguardar novos recursos:

  • Uma outra corrente de juristas acredita que o STF pode optar por aguardar a apresentação de eventuais novos recursos antes de expedir a ordem de prisão, uma vez que este é o primeiro recurso deste tipo no processo.

Os próximos passos legais pós-decisão

Mesmo com a provável rejeição dos Embargos de Declaração, a defesa pode tentar outras vias:

  • Novos embargos de declaração: Podem tentar apresentar outro recurso do mesmo tipo, mas as chances de sucesso são consideradas mínimas.
  • Embargos infringentes: Este recurso serve para questionar decisões que não foram unânimes. No entanto, a condenação de Bolsonaro foi por 4 votos a 1. A jurisprudência atual do STF exige, pelo menos, dois votos divergentes para que este recurso seja cabível, o que indica uma alta probabilidade de ser rejeitado sem sequer ter o mérito analisado.

O local do cumprimento da pena

Quando todos os recursos válidos se esgotarem (o chamado "trânsito em julgado"), caberá ao ministro relator, Alexandre de Moraes, definir o local de detenção:

  • Cela especial em presídio: Cumpriria a pena em uma cela especial, um direito assegurado a ex-presidentes. O Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, é uma possibilidade.
  • Sala na polícia federal: Semelhante ao cenário do ex-presidente Lula, que ficou detido em uma sala da Superintendência da Polícia Federal.
  • Prisão domiciliar: Devido a problemas de saúde, essa opção pode ser considerada.

A relevância histórica e institucional do caso

O desfecho deste processo transcende a esfera política e se torna um marco para a Justiça brasileira:

  • Teste institucional: O julgamento colocará à prova a capacidade das instituições de aplicar a lei de forma isonômica, alcançando figuras de alto escalão do poder.
  • Precedente para a democracia: A condenação de um ex-presidente por crimes contra o Estado Democrático de Direito estabelece um precedente jurídico e histórico fundamental para a proteção da ordem constitucional.
  • Fortalecimento do STF: A postura firme da Corte diante de recursos considerados protelatórios reafirma sua autonomia e autoridade no sistema de Justiça.

O julgamento em curso na Primeira Turma é um momento crucial. A rejeição do recurso de Bolsonaro é o cenário mais provável, o que aceleraria o processo para o início da pena. Embora a defesa ainda possa tentar manobras legais, o desfecho final deste intenso capítulo da história política e jurídica do Brasil parece se aproximar.

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