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quarta-feira, 8 de outubro de 2025 às 11:12 GMT+0

Colágeno: Tomar, injetar ou passar na pele? O que a ciência diz sobre o que funciona de fato e o que é dinheiro jogado fora

O colágeno tornou-se um suplemento onipresente, encontrado até em festas. Celebrado como a "fonte da juventude", ele promete pele radiante, articulações fortalecidas e cabelos e unhas saudáveis. Mas, por trás do marketing, surge a pergunta crucial: essas alegações são respaldadas pela ciência? E, se sim, qual seria a forma mais eficaz de utilizá-lo? Este resumo detalha o que as evidências atuais revelam sobre os suplementos de colágeno, separando o fato da ficção de forma clara e imparcial.

O que é o colágeno e por que ele é importante?

O colágeno é a proteína mais abundante no corpo humano.

1. Ele atua como a principal estrutura de sustentação para a pele, ossos, tendões, ligamentos e cartilagens.
2. É essencial para manter a firmeza e elasticidade da pele, a força dos ossos e a integridade das articulações.
3. Com o envelhecimento, a partir dos 20 ou 30 anos, o corpo começa a perder naturalmente cerca de 1% de seu colágeno por ano. Fatores externos, como exposição solar excessiva, tabagismo, estresse e má alimentação, podem acelerar ainda mais esse processo.

O que a ciência diz sobre a eficácia dos suplementos?

Esta é a área de maior debate e onde a análise isenta é fundamental.

  • O ceticismo das agências reguladoras: A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), um órgão regulador rigoroso, não aprovou nenhuma alegação de saúde para suplementos de colágeno. A posição deles é que os benefícios propagados não foram confirmados por evidências científicas de alta qualidade e suficientes em seres humanos.
  • O conflito de interesses nas pesquisas: Estudos financiados pela indústria de suplementos tendem a mostrar resultados positivos, como melhora significativa na hidratação e elasticidade da pele. No entanto, pesquisas independentes (não financiadas pela indústria) frequentemente não mostram qualquer efeito relevante. Esta disparidade levanta questões sobre a objetividade dos resultados.
  • Uma análise mais sutil: Algumas meta-análises, que reúnem dados de vários estudos, sugerem que o colágeno hidrolisado (quebrado em partículas menores) pode ter um efeito benéfico modesto na pele. Contudo, os próprios autores dessas análises concluem que são necessárias mais pesquisas para uma confirmação definitiva.

As diferentes formas de usar colágeno: Vantagens e limitações

Via oral (comprimidos ou pó): É a forma mais popular.

  • O desafio biológico: O colágeno ingerido é uma molécula grande que precisa ser quebrada no intestino em peptídeos menores para ser absorvida. Mesmo que esses peptídeos entrem na corrente sanguínea, não há garantia de que serão direcionados especificamente para a pele. Eles podem ser utilizados por qualquer órgão que necessite de proteína.
  • Tipos de colágeno: O colágeno marinho (de peixes) é frequentemente recomendado por ser rico em colágeno tipo 1, o mais relevante para a pele. Já o colágeno "vegano" não contém colágeno real, sendo uma mistura de aminoácidos e vitaminas que o corpo poderia usar para produzir sua própria proteína.

Tópico (cremes): Aplicar colágeno diretamente na pele parece a solução mais lógica, mas é a menos eficaz.

  • A limitação: As moléculas de colágeno nos cremes são grandes demais para penetrar nas camadas mais profundas da pele (a derme), onde o colágeno é realmente produzido. Elas ficam na superfície, podendo até proporcionar uma hidratação temporária, mas não estimulam a produção interna.

Procedimentos dermatológicos (Laser e microagulhamento): Estas são as formas clinicamente comprovadas de estimular a produção de colágeno.

  • Como funcionam: Técnicas como o microagulhamento e o laser fracionado criam microlesões controladas na pele. Isso desencadeia o processo natural de cicatrização do corpo, que inclui a produção vigorosa de novo colágeno.
  • A desvantagem: São procedimentos de alto custo, podendo chegar a milhares de reais por sessão, e requerem a realização por profissionais qualificados.

Riscos e considerações importantes

  • Saúde individual: O aumento da ingestão de proteína pode ser uma preocupação para pessoas com doenças renais ou hepáticas pré-existentes. Como com qualquer suplemento, existe o risco de interação com medicamentos. É crucial consultar um médico ou nutricionista antes de iniciar o uso.
  • Impacto ambiental: A demanda por colágeno bovino tem sido vinculada ao desmatamento no Brasil, um fator que consumidores conscientes podem considerar.
  • Segurança: A EFSA investigou um risco teórico remoto de transmissão de doenças priônicas (como o "mal da vaca louca") através de gelatina e colágeno e considerou-o ínfimo ou inexistente.

Alternativas comprovadas para a saúde da pele

Especialistas são unânimes em apontar que certos hábitos têm um impacto muito maior e mais comprovado do que os suplementos de colágeno:

  • Protetor solar: É a estratégia número um. Proteger a pele dos raios UV previne a degradação do colágeno existente e é a forma mais eficaz de retardar o envelhecimento cutâneo.
  • Alimentação balanceada: Uma dieta rica em vitaminas, minerais e antioxidantes (encontrados em frutas, verduras e legumes) fornece os "tijolos" necessários para que o corpo produza seu próprio colágeno de forma otimizada.
  • Não fumar: O tabagismo é um dos maiores aceleradores do envelhecimento da pele e da destruição de colágeno.

Vale a pena ou não?

A resposta não é simples e depende das suas expectativas e contexto.

  • Para quem busca resultados dramáticos e comprovados: Investir em protetor solar de alta qualidade, manter uma dieta saudável e considerar procedimentos dermatológicos como o microagulhamento oferece um retorno muito mais seguro e baseado em evidências.
  • Para quem ainda assim deseja experimentar os suplementos: Entenda que as evidências são limitadas e conflitantes. Os efeitos, se existirem, são provavelmente modestos e variam de pessoa para pessoa. A forma oral (colágeno hidrolisado marinho) parece ter mais potencial do que os cremes. O "colágeno vegano" não é colágeno de verdade.

Em última análise, a decisão é pessoal. Mas, com as informações em mãos, fica claro que os suplementos de colágeno não são uma "bala mágica" e que estratégias de estilo de vida são, de longe, o alicerce mais importante para uma pele e um corpo saudáveis ao longo do tempo.

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