Gordura na lombar pode causar dor crônica nas costas? Estudo revela a conexão e o que indica as pesquisas

A dor lombar, ou lombalgia, é a principal causa de incapacidade no mundo, afetando 619 milhões de pessoas em 2020, segundo a organização mundial da saúde (OMS). Com projeções alarmantes, 843 milhões de casos até 2050, cientistas buscam entender fatores de risco modificáveis para prevenir e tratar esse problema. Um estudo recente, publicado na revista the lancet regional health — europe, investigou a relação entre a composição muscular corporal e a dor lombar crônica, destacando o papel da gordura na região dorso-lombar.
Metodologia e descobertas do estudo:
Pesquisadores alemães analisaram dados de mais de 30 mil participantes, com idades entre 19 e 74 anos, utilizando ressonância magnética de corpo inteiro e inteligência artificial para mapear a composição muscular. Foram considerados fatores como idade, sexo, atividade física, comorbidades (como osteoporose e colesterol alto) e outros influenciadores da saúde muscular. Os resultados mostraram que:
- Gordura intermuscular: Maiores níveis de gordura entre os músculos da região torácica e lombar estão associados a um risco elevado de dor lombar crônica.
- Massa muscular: Indivíduos com mais massa muscular nessa área apresentaram menor probabilidade de desenvolver o problema.
Importância e relevância do estudo:
- Fatores modificáveis: A pesquisa destaca que a composição corporal—especialmente a gordura intermuscular—pode ser um alvo para prevenção e tratamento, oferecendo novas perspectivas clínicas.
- Abordagem inovadora: O uso de ressonância magnética e inteligência artificial permitiu uma análise detalhada e precisa da relação entre tecido adiposo e dor.
- Impacto global: Com o aumento crescente de casos, entender esses mecanismos é crucial para reduzir a incapacidade causada pela lombalgia.
Limitações e próximos passos:
- Embora o estudo traga insights valiosos, os especialistas ressaltam que outras variáveis—como fatores psicológicos, nutricionais e ocupacionais—devem ser investigadas em pesquisas futuras. Além disso, não foi explorado o impacto direto da perda de peso na redução da gordura intermuscular. O ortopedista Luciano Miller, do Einstein hospital israelita, reforça que programas de reabilitação com treino de força e controle nutricional podem ajudar, mas os efeitos são lentos e dependem da adesão individual.
O estudo reforça a importância de manter uma composição corporal equilibrada, com ênfase na redução da gordura intermuscular e no fortalecimento da massa muscular, para prevenir a dor lombar crônica. Enquanto novas pesquisas são necessárias para entender completamente os mecanismos envolvidos, a descoberta abre caminho para estratégias mais direcionadas de prevenção e tratamento, combinando exercícios físicos, alimentação saudável e acompanhamento médico. Para quem sofre com o problema, a mensagem é clara: investir na saúde muscular pode ser a chave para uma vida com menos dor e mais qualidade.